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A HISTÓRIA E A POLÊMICA POR TRÁS DA CIDADANIA POR NASCIMENTO, QUE TRUMP QUER BANIR NOS EUA

A HISTÓRIA E A POLÊMICA POR TRÁS DA CIDADANIA POR NASCIMENTO, QUE TRUMP QUER BANIR NOS EUA
31/10/2018 20h00

G1 – O presidente Donald Trump afirmou nesta semana que planeja acabar por decreto com a cidadania por nascimento nos Estados Unidos.

Em entrevista ao site americano Axios, ele disse estar trabalhando para colocar um fim nesse tipo de cidadania, um princípio vigente há 150 anos que diz que qualquer pessoa nascida em solo americano é cidadã do país.

“Sempre me disseram que seria preciso uma emenda constitucional para isso. Mas, adivinha só, não precisa não.”

“Você pode sem dúvida fazer com uma lei do Congresso. Mas agora eles estão dizendo que eu posso fazer isso apenas com um decreto”, disse Trump, acrescentando que a medida estaria em andamento.

Pouco tempo depois da declaração, Lindsey Graham, senador republicano da Carolina do Sul, tuitou: “Pretendo criar uma legislação na mesma linha do decreto proposto pelo presidente @realDonaldTrump.”

A questão provocou um debate acalorado sobre se o presidente tem ou não o poder unilateral de fazer tal coisa, e se a premissa básica que sustenta proposta – de que a cidadania por nascimento é aproveitada por imigrantes sem documentação – é de fato válida.

O que é cidadania por nascimento?

A primeira sentença da 14ª Emenda da Constituição dos EUA estabelece o princípio da cidadania por nascimento:

“Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos, e sujeitas a sua jurisdição, são cidadãs dos Estados Unidos e do Estado em que residem.”

Os que defendem o endurecimento das regras argumentam que a política é um “grande ímã para a imigração ilegal” e que ela encoraja mulheres grávidas sem documentação a atravessarem a fronteira para darem à luz, um ato pejorativamente chamado de “turismo do nascimento” ou ter um “bebê âncora”.

“O bebê é, em resumo, um cidadão dos Estados Unidos durante 85 anos com todos esses benefícios. Isso é ridículo”, disse Trump ao Axios. “Tem que acabar.”

Um estudo do Pew Research Center de 2015 identificou que 60% dos americanos se opunham a acabar com a cidadania por nascimento, enquanto 37% eram a favor.

Como surgiu essa ideia?

A 13ª Emenda havia abolido a escravidão em 1865, enquanto a 14ª, adotada em 1868, após o fim da guerra civil, resolveu a questão da cidadania de ex-escravos nascidos nos Estados Unidos.

Decisões anteriores da Suprema Corte, como Dred Scott contra Sandford em 1857, haviam decidido que os afro-americanos nunca poderiam ser cidadãos do país. A 14ª Emenda anulou isso.

Em 1898, a Suprema Corte dos EUA decidiu que a cidadania por nascimento se aplicava aos filhos de imigrantes no caso de Wong Kim Ark contra os Estados Unidos.

Então com 24 anos, Wong era um filho de imigrantes chineses que nasceu nos EUA, mas que teve a reentrada no país negada quando voltou de uma visita à China. O rapaz alegou com sucesso que, pelo fato de ter nascido nos EUA, o status de imigração de seus pais não afetava a aplicação da 14ª Emenda.

“(No caso contra os EUA) Wong Kim Ark afirmou que, independentemente da raça ou do status de imigração dos pais, todas as pessoas nascidas nos Estados Unidos deveriam ter acesso aos direitos que a cidadania oferecia”, escreve Erika Lee, diretora do Centro de Pesquisa de História da Imigração na Universidade de Minnesota.

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