Manaus, 19/04/2024

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Amazonas Energia diz que vai acionar STF contra lei que proíbe medidores aéreos em Manaus

Amazonas Energia diz que vai acionar STF contra lei que proíbe medidores aéreos em Manaus
13/04/2023 10h20

A Amazonas Energia confirmou ao g1 que irá obedecer a lei municipal que proíbe a instalação dos medidores aéreos em Manaus, mas também disse que vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), em conjunto com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).

A nova lei municipal, que surgiu na Câmara de vereadores, foi sancionada recentemente pela Prefeitura de Manaus.

Questionada, a Amazonas Energia afirmou que seguirá a lei enquanto ela estiver em vigor, mas se organiza para questionar o temo no STF. “Quem tem o poder de legislar sobre energia elétrica é a União. A concessionária respeitará a decisão e já suspendeu a instalação dos medidores”, disse o diretor da empresa, Radyr Gomes.

O diretor da Amazonas Energia enfatizou que a decisão do STF pode ser semelhante à determinação sobre a Lei Estadual nº 5.981. Na época, pelo placar de 11 a 0, os ministros decidiram que a lei estadual é inconstitucional.

Qual é função dos medidores?

A Amazonas Energia destacou que a instalação do Sistema de Medição Centralizada (SMC) diminui o excesso de energia, evita o desligamento da rede elétrica e combate os desvios e ligações clandestinas.

Em coletiva de imprensa na semana passada, a empresa informou que Manaus registrou uma diminuição de 41% na perda de energia elétrica em fevereiro deste ano. A avaliação foi feita em cinco bairros (Cidade Nova, Lagoa Azul, Nova Cidade, Parque 10 e Planalto) onde os medidores aéreos chegaram a ser instalados.

Segundo dados da Amazonas Energia, 12 bairros já foram contemplados com o novo equipamento SMC, com o total de mais de 16 mil unidades consumidoras instaladas.

Polêmica

A instalação dos medidores aéreos é vista como polêmica desde janeiro de 2022, quando a Justiça proibiu a instalação dos equipamentos. Na decisão, o juiz da 3º Vara Cível Manoel Aramo de Lima afirmou que o medidor é instalado em uma altura superior a 4 metros, impossibilitando que os moradores fiscalizem o fornecimento de energia.

Na época, a Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) chegou a pedir a condenação da Amazonas Energia em R$ 3 milhões, por danos morais coletivos e sociais por possíveis irregularidades na medição de tarifa de energia de consumidores do Amazonas.

O órgão ainda solicitou a suspensão da instalação do novo sistema de medição de energia no Estado.

Em junho de 2022, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) promulgou a Lei Estadual nº 5.981, que proibia a utilização dos medidores no estado, prevendo multa de 35 salários mínimos em caso de descumprimento.

Entretanto, no dia 6 de outubro, uma decisão do STF considerou a lei inconstitucional, fazendo com que o SMC voltasse a ser liberado.

O senador Eduardo Braga (MDB) ajuizou uma Ação Popular na Justiça do Amazonas (TJAM) pedindo a suspensão da instalação dos medidores, o que foi negado pelo juiz Jaime Artur Santoro Loureiro.

Após o senador recorrer à segunda instância, a desembargadora Maria do Perpétuo Socorro Guedes Moura acatou o pedido, e concedeu liminar proibindo a instalação do equipamento nas residências do Amazonas.

Em novembro, a 13ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho de Manaus extinguiu a ação, por entender que o uso da Ação Popular, neste caso, é inadequado, já que a instalação de medidores não possui “ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural”.

No fim de janeiro, o desembargador Elci Simões de Oliveira referendou a decisão. O senador Eduardo Braga informou que vai recorrer.

Lei Municipal

Em março deste ano, a Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou com unanimidade, o Projeto de Lei nº 375/2022 de autoria do presidente da Câmara, Caio André (PSC). O texto prevê a proibição da instalação dos medidores aéreos alegando “poluição visual”. O prefeito David Almeida (Avante) sancionou o projeto de lei e agora a lei é municipal.

O diretor do Comitê Jurídico da Abradee, Wagner Ferreira, classificou a lei como apelativa e disse não entender a rejeição de parte da população pelos novos medidores. A associação vai apoiar a Amazonas Energia com a ação no STF.

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