“O argumento da ‘troca de socos’ para a morte de Khashoggi é um cenário montado às pressas agora que ficou claro que os detalhes do incidente virão à tona em breve”, escreveu Aktay. “Quanto mais se pensa nisso, mais parece que se está zombando da nossa inteligência”.
Outra autoridade turca, Omer Celik, porta-voz do partido governista da Turquia, disse nesta segunda que a morte de Khashoggi foi “planejado com selvageria”.
“Estamos diante de uma situação que foi planejada com selvageria e esforços consistentes foram feitos para esconder esse assassinato”, declarou em entrevista coletiva em Ancara.
“Estamos sendo cuidadosos para que ninguém tente ocultar a questão. A verdade virá à tona. Os responsáveis serão punidos, algo como isso nunca mais passará pela cabeça de ninguém”, acrescentou.
Autoridades da Turquia suspeitam que Khashoggi foi assassinado dentro do consulado e que seu corpo foi retalhado. Fontes turcas dizem que as autoridades têm uma gravação de áudio que supostamente documenta o assassinato do jornalista de 59 anos.
Erdogan disse que divulgará informações sobre a investigação de seu país em um discurso na terça-feira.
Para os aliados da Arábia Saudita, a questão será se acreditam que o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, que se apresenta como um reformista, tem alguma culpa. O rei Salman, de 82 anos, deixou a seu cargo a administração cotidiana do reino.
Neste domingo, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel bin Ahmed Al-Jubeir, disse que a morte de Khashoggi foi um “erro sério” e que não foi uma operação autorizada pelo regime. Segundo ele, o príncipe Mohammed bin Salman não foi informado sobre a operação.
O ministro acrescentou que não sabe onde está o corpo do jornalista. “Não sabemos, em termos de detalhes, como aconteceu. Não sabemos onde está o corpo”, disse o chanceler, antes de destacar que o procurador saudita ordenou a detenção de 18 pessoas, “o primeiro passo de uma longa jornada”.
A rede americana CNN divulgou nesta segunda imagens que indicariam que o governo saudita tentou ocultar o desaparecimento de Khashoggi com um “dublê” do jornalista, que saiu do prédio do consulado em Istambul no dia 2 de outubro.
No vídeo divulgado, é possível observar um homem saindo do local com roupas iguais às que Khashoggi usava naquele dia. Ele foi identificado pela CNN como Mustafa al Madani e seria um dos membros da equipe de 15 cidadãos sauditas que chegou a Istambul e visitou o consulado do país árabe no mesmo dia em que Khashoggi foi visto pela última vez.
Segundo meios de comunicação turcos, Khashoggi foi executado por um comando de agentes sauditas próximos ao príncipe herdeiro, Mohammad bin Salman.
A reação de Riad sobre o caso deixou vários governos ocidentais incrédulos e tensionou as relações do Ocidente com o maior exportador de petróleo do mundo. Inicialmente, o governo saudita negou o conhecimento do fato para depois dizer que ele morreu durante uma briga no consulado.
Um grupo de países, incluindo Alemanha, Reino Unido, França e Turquia, pressionou a Arábia Saudita para que apresente fatos, e a chanceler Angela Merkel disse que Berlim não exportará armas ao reino enquanto persistir qualquer incerteza a respeito do destino de Khashoggi.