03/12/2020 13h30
A trabalhadora doméstica Mirtes Renata de Souza, mãe do menino Miguel Otávio, tornou-se autora de um abaixo-assinado para cobrar justiça por seu filho. Em vídeo, agradeceu o apoio das quase 3 milhões de pessoas que assinam a petição e exigem agilidade no processo judicial e a responsabilização de Sari Gaspar Corte Real.
O abaixo-assinado abraçado por Mirtes foi aberto na plataforma Change.org – um dia depois da morte de Miguel – pela estudante Dani Brito, de 22 anos, que mora em Recife (PE). Mirtes tornou-se coautora da petição com o objetivo de intensificar a pressão nas autoridades para uma conclusão rápida e isenta do caso, com a adoção das medidas criminais, cíveis e trabalhistas cabíveis, bem como para protestar contra os “injustificáveis meses de lentidão”.
-A justiça do nosso país para os ricos é branda, para nós que somos negros, pobres, periféricos, ela é extremamente pesada. Se tem lei nesse país, tem que ser igual para todos. Eu estou nessa luta para que as leis desse país sirvam também para Sari Corte Real – diz Mirtes.
O desabafo consta em vídeo inédito gravado pela trabalhadora doméstica para falar sobre o apelo dos milhões de brasileiros e brasileiras que se uniram a ela no abaixo-assinado.
– Às quase 3 milhões de pessoas que assinaram a petição online da Change.org, eu sou eternamente grata, de coração, por estarem comigo nessa luta. Eu não me sinto só, eu sei que tem quase 3 milhões de pessoas junto comigo. Conto com vocês para que continuem assinando e divulgando para que o judiciário veja que não sou só eu que quero justiça por Miguel, mas vocês também querem – afirma no depoimento.
AUDIÊNCIA E PROTESTO
A primeira audiência de instrução para o julgamento começou às 9h desta quinta-feira (3). A acusada Sari Corte Real e quase 20 testemunhas de defesa e de acusação vão prestar depoimento à 1ª Vara dos Crimes Contra Criança e Adolescente da Capital, em Recife.
Um ato pacífico de protesto por justiça a Miguel ocorrerá em frente ao Centro Integrado da Criança e do Adolescente (CICA), prédio onde está localizada a 1ª Vara. Mirtes espera que o poder judiciário seja pressionado a dar mais atenção ao caso de seu filho e que a condenação e prisão de sua ex-patroa aconteçam.
– É uma dor que eu vou levar para o resto da vida, mas a impunidade não vai ocorrer porque Miguel tem uma mãe, e o meu nome é Mirtes Souza – declarou.