À tarde serão sepultados os corpos de Arthur Caetano Carvalho, de 3 anos, e da irmã dele, Nicole Caetano Carvalho, de 10 meses. Arthur chegou a ser socorrido e levado para o hospital, mas não resistiu e morreu na tarde deste domingo (11). Com ele, chegou a 15 o número de vítimas da tragédia. Nicole, sua irmã caçula, de 8 meses, morreu no local do desabamento.
Cunhada de Dalvina, enterrada às 11h30, Rosângela Maria Freixo Espíndola disse que soube do que tinha acontecido pela televisão. Ao ouvir o nome da cunhada, ela entrou em contato com a família. “Eu estava vendo o ‘É de Casa’ e interrompeu pra dar a notícia do deslizamento. Me abalou muito. Eu estava sozinha em casa, me deu uma tremedeira. Quando falou ‘Dalvina’, só podia ser minha cunhada. É o morro onde ela mora, eu comecei a ligar pra família. Estou muito triste”, disse Rosângela.
Renata lamentou a morte da prima, mas disse que é preciso agradecer pelas vidas da família que foram salvas.
“Seriam seis e graças a Deus a neta de três anos e os filhos saíram com vida. É agradecer e louvar ao senhor pela vida dos que ficaram.”
A gente normalmente vive a tragédia pela TV, a gente sente a dor dos outros. Quando a gente vive a tragédia, a gente tem dimensão do que que é isso. Às vezes você se coloca no lugar do outro. Quantas famílias um dia passaram por isso? Agora é a nossa família que está sofrendo.
A presidente da associação de moradores do Morro da Boa Esperança, Clemilda Santos, esteve no Cemitério do Maruí na manhã desta segunda-feira. Ela lamentou a perda de amigos e disse que a preocupação agora é dar apoio às famílias das vítimas.
“Está todo mundo passando por um momento de dor. A nossa preocupação é se preocupar com a dor dos familiares. Não perdemos apenas moradores, perdemos amigos. Moro há 23 anos na Boa Esperança, conheço todos os moradores. São crianças que coloquei no meu colo que forma vítimas. Está todo mundo sofrendo, inclusive eu”, relatou Clemilda.
“A Dalvina é minha amiga há 23 anos. Já morava ali desde sempre. O filho dela está num estado lastimável”, completou a presidente da Associação.
A vendedora Tatiana Martins das Silva conheceu Marta na igreja. Segundo ela, a vitima já estava se preparando para sair da comunidade.
“Ela sempre falava da pedra que a qualquer momento ia rolar e ia cair ali. Era um medo dela. Ela sabia, ela sempre falou, tanto que eu soube ontem que ela estava preparando a mudança pra ir embora”, relatou a amiga de Marta.
“Era uma pessoa boa, da igreja. Não tinha filhos, não tinha marido, morava sozinha. O projeto dela era sair dali e montar uma lojinha de ração. Ela adorava animais”, disse Tatiana.
Na manhã desta segunda, dois homens que ficaram feridos na tragédia permaneciam internados. Um deles estava no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, e outro no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo.
Na manhã de domingo também foram encerradas as buscas por pessoas soterradas. Onze das 15 vítimas foram enterradas até o fim do dia.
Além das sete casas que foram destruídas com o deslizamento, muitas também foram interditadas pela Defesa Civil. Mais de 20 famílias estavam abrigadas em uma escola da região que fica perto do local da tragédia.
As doações que foram recebidas, como alimentos, itens de higiene, água e roupas de cama, foram colocadas no ginásio da escola.
Para ajudar os moradores que perderam os documentos e dar orientação jurídica, a Defensoria Pública atua em um terreno ao lado do Morro da Boa Esperança.