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Depois de 87 anos, PSOL, PCdoB e PT acusam hino do RS de racismo

Depois de 87 anos, PSOL, PCdoB e PT acusam hino do RS de racismo
05/01/2021 13h50

Após ser cantado por quase um século sem grandes discussões ou polêmicas a respeito de seu conteúdo, o hino do estado do Rio Grande do Sul virou alvo de uma polêmica criada por vereadores do PSOL, PT e PCdoB em Porto Alegre (RS). Segundo os parlamentares, um dos trechos da canção que é entoada desde 1933 teria conteúdo racista.

– Não temos obrigação nenhuma de cantar um verso que diz que o nosso povo não tem virtudes, por isso foi escravizado. O hino foi elaborado em um contexto de guerra, no qual a única forma de escravização era sobre a população negra, que lutou na guerra sob promessa de liberdade, que não tiveram – disse o vereador Matheus Gomes (PSOL).

A recusa aconteceu durante a cerimônia de posse, na última sexta-feira (1°), quando os parlamentares permaneceram sentados durante a execução. A postura do vereador provocou uma chuva de críticas a ele nas redes sociais. Muitos alegaram que o sentido da frase não é racista e, sim, tem a ver com a relação do Rio Grande do Sul com o Império.

O trecho que causou discussões diz que o “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Apesar da alegação de racismo feita pelos parlamentares de esquerda, membros de movimentos de tradição gaúcha refutaram a acusação e apontaram que a bancada negra perde tempo para discussão de assuntos mais importantes com polêmicas desnecessárias.

– Enquanto a bancada negra fica sentada e não canta o hino, nosso povo perde um precioso tempo de ser protagonista de uma nova história. Este é nosso tempo, precisamos sair das amarras, lutar com as armas do respeito e da igualdade e quebrar alguns preconceitos próprios – declarou Julia Dutra, diretora de Manifestações Individuais e Espontâneas do Movimento Tradicionalista Gaúcho.

O HINO
Com letra de Francisco Pinto da Fontoura, música do Comendador Maestro Joaquim José de Mendanha e harmonização de Antônio Corte Real, a versão atual é do ano de 1933, sendo a terceira adaptação feita para a canção que teve sua primeira edição em 1838.

A letra atual, porém, sofreu uma alteração em 1966, quando foi oficializado como Hino Farroupilha ou Hino Rio-Grandense, por força da lei 5.213 de 5 de janeiro de 1966. Na ocasião, foi suprimida a segunda estrofe por conta de termos descontextualizados com a cultura gaúcha como “Atenas” e “romanos”.

Confira a letra do atual hino gaúcho, na íntegra:

Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o Vinte de Setembro
O precursor da liberdade.

Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra.
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.
De modelo a toda terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.

Mas não basta pra ser livre
Ser forte aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo.

Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra.
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.
De modelo a toda terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.

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