Durante reunião da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais na terça-feira (11), a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) disse que é “obrigada a aceitar” a identidade de gênero de pessoas transexuais.

A fala da deputada ocorreu depois que ela teve sua legitimidade enquanto indígena questionada pelo também deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP). Ele disse que Silvia “se coloca como representante do povo indígena Waiãpi e não o é”, e ainda citou uma carta divulgada pelos povos Waiãpi que, segundo ele, estabelece essa não-representação da parlamentar.

Em resposta, a deputada lembrou a convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece a autoidentificação como critério para definir grupos e povos indígenas e então fez o comentário considerado transfóbico.

“Eu não preciso do seu reconhecimento para ser considerada indígena, eu preciso do reconhecimento de meu pai e de minha mãe. Os senhores querem que eu aceite alguém que se autodeclara mulher sem ser mulher, biologicamente homem, e eu sou obrigada a aceitá-lo, mas não querem me aceitar?”, disse ela.

Em seguida, a deputada recebeu vaias e outra parlamentar afirmou que transfobia é crime, e que não seria aceita na Comissão.

Waiãpi rebateu: “Eu sou obrigada a aceitar, e aceito. E vocês não me aceitam, por quê?”.