Manaus, 16/04/2024

Destaques

Deputado diz à jornal que levou a Bolsonaro ‘provas’ de irregularidades com Covaxin

(Brasília - DF, 17/11/2020) Presidente da República Jair Bolsonaro, durante reunião da XII Cúpula de Líderes do BRICS (videoconferência).
Foto: Marcos Corrêa/PR
(Brasília - DF, 17/11/2020) Presidente da República Jair Bolsonaro, durante reunião da XII Cúpula de Líderes do BRICS (videoconferência). Foto: Marcos Corrêa/PR
23/06/2021 13h00

O deputado Luís Miranda (DEM-DF) afirmou à CNN que levou pessoalmente ao presidente Jair Bolsonaro “provas contundentes” de irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin.

“O presidente sabia que tinha crime naquilo”, disse o deputado. Miranda é irmão de um servidor do Ministério da Saúde que, segundo ele, teve conhecimento dos problemas. De acordo com o parlamentar, após o encontro, Bolsonaro ficou “convencido” e se comprometeu a acionar “imediatamente” a Polícia Federal.

“Entreguei a Bolsonaro. O caso não é só de pressão. É gravíssimo: tem desvio de conduta, invoice irregular, pedido de pagamento antecipado que o contrato não previa, quantidades diferentes”, disse Miranda.

Miranda afirmou que decidiu ir ao presidente porque seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, estava sofrendo retaliação por resistir a anuir com as tratativas. Ele já havia sido exonerado de um cargo de confiança e, segundo o deputado, só retomou o posto após o próprio parlamentar5 procurar diretamente o então ministro Eduardo Pazuello.

“Quando eu vi que o caso era grave e vi que poderiam ter pessoas envolvidas do alto escalão, fui direto no presidente. Fiz a pedido do meu irmão, que não confiava em ninguém e estava com medo”, afirmou.

De acordo com o deputado, o encontro com o presidente ocorreu no dia 20 de março. Miranda disse que levou  a Bolsonaro uma série de documentos para que não houvesse dúvidas sobre a acusação. “Relatos? Ele não ia acreditar em mim, não. Os amigos dele que estão lá dentro, ué. Levei provas contundentes. Ele se convenceu e ficou de chamar o DG (diretor-geral da Polícia Federal)”.

Miranda afirmou que o grupo econômico encarregado das negociações para trazer a Covaxin ao Brasil já se envolveu em outros problemas no passado e que sua pauta é de “combate à corrupção”.

“Qual a minha plataforma? Minha plataforma é segurança pública e combate à corrupção. Tem vários parlamentares que têm essa plataforma. Plataforma política, de vida, de tudo. Quem é o cara que tem a mesma plataforma que a gente e está no executivo? O Bolsonaro”, afirmou.

O depoimento dos irmãos Miranda já está previsto na CPI da Pandemia. Senadores que compõem a comissão afirmaram à CNN que já foram avisados da disposição de Miranda de relatar as irregularidades e os avisos feitos diretamente ao presidente.

Procurado, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou. A CNN procurou também o Ministério da Saúde e aguarda retorno.

Em nota, a Precisa Medicamentos disse que as tratativas com o Ministério da Saúde seguiram todos os caminhos formais e de forma transparente. Sobre o valor da vacina, a empresa afirmou que foi o mesmo cobrado dos governos de outros treze países.

COMENTÁRIOS

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.