Manaus, 28/03/2024

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Destruição na galáxia: astrônomos detectam estrela engolindo planeta de uma só vez

Representação artística mostra estrela abocanhando de uma só vez um planeta do tamanho de Júpiter, o maior do nosso Sistema Solar. — Foto: K. Miller, R. Hurt/Caltech/IPAC via AP
Representação artística mostra estrela abocanhando de uma só vez um planeta do tamanho de Júpiter, o maior do nosso Sistema Solar. — Foto: K. Miller, R. Hurt/Caltech/IPAC via AP
04/05/2023 11h50

Pela primeira vez, cientistas capturaram uma estrela engolindo de uma só vez um planeta. As novas observações foram reveladas por astrônomos, nesta quarta-feira (3), em estudo publicado na revista “Nature”.

Segundo os cientistas, o planeta em questão era um gigante gasoso do tamanho de Júpiter – ou até mesmo maior. Já o astro é parecido com o Sol e estava inchando à medida que envelhecia por eras a fio, até que finalmente ficou tão grande que engoliu o planeta próximo da sua órbita.

Embora houvesse sinais anteriores de outras estrelas destruindo planetas, esta foi a primeira vez que a própria devoração foi observada, de acordo com o estudo.

Prévia do futuro (distante) da Terra

Os cientistas apontam que o fenômeno observado é uma prévia sombria do que acontecerá com a Terra quando o nosso Sol se transformar em uma estrela gigante vermelha, engolindo o nosso planeta.

“Se serve de consolo, isso acontecerá em cerca de 5 bilhões de anos”, disse o coautor do estudo Morgan MacLeod, da instituição norte-americana Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

Ainda de acordo com os cientistas, esta “ceia galáctica”:

  • Aconteceu entre 10 mil e 15 mil anos atrás, perto da constelação de Aquila;
  • A estrela “devoradora” tinha cerca de 10 bilhões de anos;
  • No fenômeno, houve uma rápida explosão de luz quente quando o planeta foi engolido, seguida por um fluxo duradouro de poeira brilhando intensamente na energia infravermelha fria.

O pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Kishalay De, detectou a explosão luminosa em 2020 enquanto revisava varreduras do céu feitas pelo Observatório Palomar do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos. Foram necessárias observações adicionais e análise de dados para desvendar o mistério: em vez de uma estrela engolir sua estrela companheira, esta havia devorado seu planeta.

Dada a vida de bilhões de anos de uma estrela, o jantar em si foi bastante breve – ocorrendo essencialmente de uma só vez, disse Mansi Kasliwal, do Caltech, que fez parte do estudo.

As descobertas são “muito plausíveis”, disse Carole Haswell, astrofísica da Open University da Grã-Bretanha, que não participou da pesquisa. Haswell liderou uma equipe em 2010 que usou o Telescópio Espacial Hubble para identificar a estrela WASP-12 devorando um planeta.

Nesta outra representação artística podemos ver a estrela durante seu 'jantar', enquanto o planeta que está sendo devorado puxa gás para longe da estrela, deixando uma trilha em espiral no espaço. — Foto: R. Hurt & K. Miller (Caltech/IPAC)
Nesta outra representação artística podemos ver a estrela durante seu ‘jantar’, enquanto o planeta que está sendo devorado puxa gás para longe da estrela, deixando uma trilha em espiral no espaço. — Foto: R. Hurt & K. Miller (Caltech/IPAC)

“Mas este é um tipo diferente de alimentação. Esta estrela engoliu um planeta inteiro de uma só vez”, disse Haswell em um e-mail. “Em contraste, WASP-12 b e os outros planetas ‘Júpiteres’ que estudamos anteriormente estão sendo delicadamente lambidos e mordiscados.”

Os astrônomos não sabem se mais planetas estão orbitando esta estrela a uma distância mais segura. Mas se isto estiver acontecendo, Kishalay disse que o astro deve esperar alguns milhares de anos antes de fazer a sua segunda ou terceira boquinha.

Agora que eles sabem o que procurar, os pesquisadores estarão atentos a mais jantares cósmicos. Eles suspeitam inclusive que milhares de planetas ao redor de outras estrelas sofrerão o mesmo destino que este e, eventualmente, também o nosso Sistema Solar.

“Tudo o que vemos ao nosso redor, tudo o que construímos ao nosso redor, tudo isso desaparecerá em um piscar de olhos”, disse Kishalay.

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