Manaus, 19/04/2024

Política

Disputa pelo comando da Câmara tem candidato do atual presidente, aliado de Bolsonaro e figurantes

© Reuters Plenário da Câmara dos Deputados
© Reuters Plenário da Câmara dos Deputados
01/02/2021 10h33

BRASÍLIA (Reuters) – A Câmara se reúne na noite desta segunda-feira para eleger seu presidente para os próximos dois anos, além dos demais integrantes da Mesa Diretora.

Segundo na linha sucessória do comando do país, é o presidente da Câmara quem define a pauta de votações, em conjunto com os líderes partidários, convoca sessões, decide questões de ordem e, entre outras prerrogativas, analisa pedidos de impeachment contra o presidente da República.

Há, até o momento, oito nomes colocados para disputar a sucessão do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Dois deles, Arthur Lira (PP-AL), e Baleia Rossi (MDB-SP), com o suporte de blocos partidários, a serem formalizados na segunda-feira. Além disso, Lira tem o apoio explícito do presidente Jair Bolsonaro e Baleia foi lançado e é apoiado por Maia.

Além desses dois candidatos, há outros nomes colocados, com o potencial de tirar votos dos que lideram a corrida e levar a disputa a um segundo turno de votações. Para ser eleito em primeiro turno, o candidato precisa de ao menos 257 votos –que são secretos, contabilizados por meio de sistema eletrônico.

Dois deputados concorrem mediante indicações de seus partidos. São eles Luiza Erundina (PSOL-SP), e Marcel Van Hattem (Novo-SP). Outros cinco concorrem de maneira avulsa:Alexandre Frota (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Fábio Ramalho (MDB-MG), e General Peternelli (PSL-SP).

Confira, a seguir, os nomes colocados, que devem ser oficializados nesta segunda, pouco antes da eleição:

POR BLOCO

— Arthur Lira (PP-AL)

Líder do PP e também do chamado centrão, o deputado conta com o apoio do governo e construiu sua candidatura desde o ano passado em conversas com cada setor e bancada da Câmara.

Considerado até o momento o candidato com mais chances de ganhar a disputa, Lira conta ainda com a ajuda do Executivo, que participou intensamente do processo eleitoral na Casa e tem negociado emendas parlamentares e cargos.

A despeito da preferência do Planalto, Lira promete atuação independente e decisões coletivas, a partir de reuniões do colégio de líderes. Defende a aprovação da reforma administrativa como prioridade da Casa a ser analisada no primeiro trimestre deste ano, enquanto a reforma tributária, por ser mais complexa, deve tomar mais tempo.

Sobre um eventual impeachment de Bolsonaro, Lira tem dito que a crise trazida pela pandemia de Covid-19 não deve ser politizada e não pode servir de motivo para eventual impedimento do presidente.

O parlamentar admite, no entanto, que poderá haver a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a gestão da saúde no enfrentamento à pandemia, desde que preencha as exigências mínimas.

Lira, que em declarações reforça seu compromisso com a “disciplina fiscal”, defende ainda que “qualquer discussão sobre eventual auxílio emergencial adicional deve ser feita de forma responsável e acompanhada do aprofundamento de reformas que viabilizem a consistência fiscal de médio e longo prazos no Brasil”.

Lira é empresário, advogado e pecuarista, tem 51 anos e está no terceiro mandato como deputado federal.

— BALEIA ROSSI (MDB-SP)

Presidente nacional do MDB e líder do partido na Câmara, Baleia teve sua candidatura anunciada bem no fim de 2020, por aliados do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A ideia era que os outros nomes aventados pelo grupo de Maia –como o dos deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Elmar Nascimento (DEM-BA), além de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Luciano Bivar (PSL-PE)– o ajudassem na campanha, mesmo que não fossem escolhidos.

Mas a debandada começou logo cedo, e Pereira foi um dos primeiros a pular do barco. Até mesmo Elmar, do DEM de Maia, resolveu apoiar Lira e carregou consigo mais alguns deputados democratas da Bahia.

Ainda assim, a estratégia do emedebista é reforçar a tese de que Lira, como candidato do governo, fará da Casa um “anexo” do Planalto. Maia, principal patrocinador da campanha de Baleia, tem alertado que o governo não conseguirá cumprir os compromissos de liberação de verbas assumidos na campanha pela eleição de Lira.

Para Baleia, autor de uma das Propostas de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária em discussão no Congresso, esse é um dos temas prioritários de sua gestão, caso eleito. O deputado vem prometendo dar continuidade à pauta de responsabilidade fiscal, mas também defende que deputados tenham o foco na questão social, incluída aí a discussão sobre o auxílio emergencial.

Sobre o impeachment, pondera que essa não pode ser a bandeira de qualquer candidatura à sucessão da Câmara, mas lembra que é prerrogativa do presidente decidir sobre o tema e o fará “à luz da Constituição”.

Baleia é empresário, tem 48 anos, e esta no segundo mandato como deputado federal.

POR PARTIDO

— Luiza Erundina (PSOL-SP)

Deputada em seu sexto mandato aos 87 anos, Erundina é assistente social e foi prefeita de São Paulo. Sua candidatura foi colocada pelo PSOL.

— Marcel Van Hattem (Novo-RS)

Deputado de primeiro mandato, Van Hattem, de 36 anos, liderou seu partido na Câmara, que o lançou na disputa. Van Hattem é jornalista, cientista político e consultor.

CANDIDATOS AVULSOS

— Alexandre Frota (PSDB-SP)

Deputado de primeiro mandato, Frota, lançou sua candidatura de maneira avulsa, quando não há indicação partidária. Antes de ser deputado, o candidato de 57 anos era ator, diretor, e participou de reality show.

— André Janones (Avante-MG)

Advogado de 37 anos, também está em seu primeiro mandato de deputado federal.

— Fábio Ramalho (MDB-MG)

Fabinho, como é conhecido entre os colegas, lançou sua candidatura à presidência da Câmara, apesar de o partido oficialmente apresentar o nome de Baleia Rossi para a disputa. O empresário de 59 em seu quarto mandato de deputado, já foi vice-líder do partido, e também já ocupou a vice-presidência da Casa.

— General Peternelli (PSL-SP)

Deputado de primeiro mandato, Peternelli, de 66 anos, foi vice-líder do PSL. É militar, administrador e professor.

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