Manaus, 25/04/2024

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E-mails e registros do condomínio mostram reclamações de vizinha que fez ofensas racistas contra humorista Eddy Jr. em SP

E-mails e registros do condomínio mostram reclamações de vizinha que fez ofensas racistas contra humorista Eddy Jr. em SP
20/10/2022 13h20

Prints de e-mails e registros manuscritos do edifício mostram algumas das diversas reclamações da aposentada que foi filmada com xingamentos racistas contra o humorista Eddy Júnior no prédio de um condomínio na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. O caso foi registrado pelo artista na Polícia Civil na noite desta quarta-feira (19).

Ao menos desde maio registros aos quais o g1 teve acesso mostram textos escritos pela moradora contra Eddy e o prédio. Neles, ela se queixa de supostas situações como gás cortado por “delinquentes”, animais e barulhos no apartamento do artista, mesmo quando, em algumas situações, ele não estivesse no local.

Elisabeth Morrone também narra a necessidade de troca das fechaduras do apartamento em que vive com o filho, alegando que teve o imóvel invadido (veja a sequência abaixo).

Trecho do relato dela na Justiça em processo extinto contra Eddy e condomínio — Foto: Reprodução
Moradora reclama do de barulho no apartamento — Foto: ReproduçãoContinuação do texto da moradora ao síndico — Foto: Reprodução

O condomínio, que afirmou, por meio do advogado Diego Basse, que as reclamações foram analisadas por uma equipe do edifício e consideradas improcedentes.

A única questão constatada foi em relação a eventuais barulhos que tiveram os encaminhamentos normais dentro da convenção do condomínio.

Protesto de moradores

Eddy Junior denunciou na noite de segunda (17), pelas redes sociais, que foi vítima do ataque racista.

Nesta quarta (19), um grupo de moradores fez um protesto pedindo a saída da agressora e de sua família do edifício.

Uma câmera de segurança flagrou Elisabeth Morrone com uma garrafa e o filho na porta do humorista fazendo ameaças com uma faca em punho. Eddy saiu de casa, por segurança, e está hospedado em um hotel.

Eddy Júnior afirmou ser alvo de perseguição desde abril, quando começaram as reclamações e agressões verbais por um suposto barulho vindo do apartamento dele.

Texto da moradora ao síndico em SP sobre animais — Foto: Reprodução
E-mail da vizinha ao síndico em junho — Foto: Reprodução
Outro texto encaminhado pela vizinha de Eddy ao síndico — Foto: Reprodução
Continuação do texto encaminhado pela vizinha de Eddy ao síndico — Foto: Reprodução

Registro à mão ao qual a vizinha reclama do suposto barulho — Foto: Reprodução

Relatos de outros vizinhos contra a aposentada

Uma das vizinhas de Eddy Jr., Janaína Tozzi, contou que há relatos no prédio de que o filho da agressora, que aparece com a faca ameaçando o humorista de morte, tem feito também ameaças a crianças do edifício.

“Já ouvi falar [aqui no prédio] que o filho dela ameaça as crianças, acua as crianças porque não gosta delas. Ele amedronta as crianças. São relatos de antes de o Eddy vir morar aqui. O Eddy mora sozinho com uma cachorra e a cachorra dele nem late. Eu e os meus filhos incomodamos mais ele do que ele a gente”, disse a empresária.

Por ser vizinha de porta, Janaína disse que testemunhou a maioria das agressões de Elisabeth Morrone contra o humorista e afirmou que se trata de um caso de “puro racismo”.

“Todos os fatos eu presenciei. Só não esse último, porque eu estava hospitalizada, quando ela o chamou de macaco. Dói na minha pele branca ouvir isso. Vocês não podem se acostumar com isso, gente. Isso não é normal. É racismo puro”, disse ela emocionada.

A empresária Janaína Tozzi, vizinha de andar do humorista Eddy Júnior na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo

A empresária Janaína Tozzi, vizinha de andar do humorista Eddy Júnior na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo

O que diz o condomínio

O advogado do Condomínio United Home & Work, Diego Basse, afirmou que a agressora será multada em dez vezes o valor do condomínio mensal do prédio.

Ele também declarou que na época do episódio da faca, em setembro, o condomínio já tinha multado a aposentada pelas ameaças ao humorista.

“O Código Civil prevê no artigo 1.337 que o condômino antissocial que cometer atos reiterados de incompatibilidade de convivência social poderá ser multado sumariamente. Nós já estamos aplicando essa multa, e uma assembleia extraordinária será convocada para ratificar essa multa e deliberar sobre outras providências”, afirmou.

“O valor do condomínio é de R$ 700 a R$ 800 por unidade. Então, nós vamos ter uma penalidade ali de aproximadamente R$ 7 mil a R$ 8 mil”, completou.

Diego Basse também afirmou que o condomínio vai sugerir na assembleia uma medida judicial de abstenção de novos atos e agressões por parte de Elisabeth Morrone. Caso as agressões voltem a acontecer, a medida judicial pode evoluir para a expulsão dela do edifício.

Denúncia de ataque racista

No Instagram, Eddy Junior afirmou ter sido xingado de “macaco, imundo, feio, urubu e neguinho perigoso” ao tentar usar o elevador do prédio com a vizinha e a cachorra dele, na madrugada do mesmo dia.

Nas imagens, a mulher aparece discutindo com o humorista e se nega a subir no mesmo elevador que o jovem.

“Cai fora. Não quero ficar com ele. Não vou [subir com ele]. Não quero”, afirma a mulher, que é apartada por um funcionário do prédio.

Na sequência do vídeo, ela dispara várias ofensas contra o rapaz como “imundo”, “cai fora, macaco”, “cai fora, bandido”, “cagão, bundão”.

As agressões foram postadas nas redes sociais do humorista, onde ele tem mais de 1,2 milhão de seguidores, e mostram a mulher proferindo várias ofensas contra o rapaz.

“Era 2h da manhã, desci com a minha cachorra para ela fazer as necessidades. Na hora que eu ia subir, encontrei com essa vizinha. Foi uma coincidência muito grande. Eu ia entrar no elevador, e ela disse que não ia entrar no mesmo elevador que eu. Eu poderia usar o elevador do lado, mas não sou obrigado a mudar de lugar só porque uma mulher racista não quer que eu use o mesmo elevador que ela”, disse o humorista a

“Antes de eu começar a gravar, ela falou várias coisas. Ela falou várias vezes: ‘Como você tem dinheiro para morar aqui?’, ‘Não sou obrigada a morar no mesmo lugar com esse tipo de gente igual você’.”

Ameaças de morte

O sistema de monitoramento do prédio onde mora o humorista registrou ao menos duas ocasiões em que a aposentada e um filho dela estiveram na porta do apartamento dele com uma faca e uma garrafa.

As imagens são dos dias 1º e 7 de setembro, conforme os registros do prédio, localizado na Barra Funda.

O humorista contou que, desde abril, é alvo de reclamações da vizinha por barulho em seu apartamento na madrugada, em horários que, segundo ele, estava dormindo ou até fora de casa.

Em 1º de setembro, por volta das 3h50 da madrugada, o filho da vizinha aparece com uma faca em frente ao apartamento de Eddy. Ele chega a brincar com o objeto, a apontar para a porta e a batê-lo na parede.

O humorista Eddy Júnior é ameaçado por um vizinho com faca na porta do apartamento dele na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. — Foto: Montagem/reprodução

O homem vai embora após cerca de 1 minuto. Os funcionários do prédio chegam ao andar por volta das 3h55 e conversam com Eddy, que mostra imagens no celular.

Uma semana depois, novamente durante a madrugada, às 3h03, mãe e filho aparecem nas imagens do quinto andar aparentemente alterados. Os dois permanecem por cerca de 1 minuto, saem e retornam às 3h08. O registro mostra o homem com uma faca presa na bermuda. Eles vão embora em poucos segundos.

Às 3h11, um funcionário do prédio surge, faz anotações e sai. Novamente, por volta das 3h28, a mãe surge com uma garrafa, e o rapaz, com a faca. Os gritos continuam por mais 1 minuto.

Elisabeth Morrone e o filho são abordados pela reportagem da TV Globo, mas preferem não se manifestar sobre o episódio envolvendo o humorista Eddy Júnior. — Foto: Reprodução/TV Globo

Elisabeth Morrone e o filho são abordados pela reportagem da TV Globo, mas preferem não se manifestar sobre o episódio envolvendo o humorista Eddy Júnior. — Foto: Reprodução/TV Globo

Filho interditado

Em um processo já extinto que foi movido pela mulher contra o condomínio e o humorista, ela afirmou que se mudou para o imóvel em junho de 2019 com o filho, que, segundo ela, tem deficiência intelectual leve diagnosticada por um perito.

Uma certidão da Justiça de 2018 confirma a interdição do filho dela por deficiência intelectual leve e a mãe dele como responsável. O caso transitou em julgado em 2014.

“É, sob o ponto de vista médico legal, absolutamente incapaz, no momento, de reger sua vida e administrar seus bens e interesses. No momento, essa somatória o torna absolutamente incapaz”, apontou um documento de 2007 anexado pela mãe na Justiça.

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