Manaus, 20/04/2024

Educação

Educadora orienta como tratar situações de bullying no ambiente escolar

Foto: Divulgação
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27/04/2021 11h31

O bullying é um problema grave, que afeta milhares de crianças e jovens no ambiente escolar. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a incidência de bullying é reportada semanalmente por quase 30% dos diretores de escolas de ensino fundamental e 20% dos de ensino médio. O percentual supera a média de outros países da América Latina, que é de 13%.

Segundo a doutora em Educação e professora do curso de Pedagogia da Faculdade Santa Teresa, Bianca Santos Bento da Silva, as violências que ocorrem nos ambientes acadêmico-escolares são as mais diversas. Ela explica que o bullying tem duas particularidades muito importantes para ser reconhecido, que é a intencionalidade da ação e a recorrência. “O bullying sempre será uma ação de intimidação, sistemática, intencional, realizada de maneira repetitiva e que tem a intenção de rebaixar e ferir suas vítimas”, detalhou.

As vítimas de bullying são, geralmente, crianças, adolescentes e jovens mais tímidos, que passam a ser alvo dos agressores, denominados de bullies. “Eles praticam ações cruéis, perversas visando a intimidação e o rebaixamento dos sujeitos vitimados”.

A professora ressalta que existe o bullying físico, que é uma agressão propriamente dita. O verbal, caracterizado pelos costumeiros e intensos xingamentos que humilham os alvos. Há o bullying social, que é quando a vítima é excluída do convívio dos grupos acadêmico-escolares. “Esse tipo de violência acontece, por exemplo, quando o colega é excluído de uma atividade, causando um sentimento de rejeição na vítima” .

Existe ainda o bullying escrito, que são os desenhos, as pichações, os bilhetes endereçados às vítimas, com características de depreciação e desonra. O bullying moral, desenvolvido por meio da difamação de colegas, da disseminação de boatos desvirtuados da realidade e que faz com que as pessoas riam, debochem dos atingidos por esse tipo de ação.

A professora destaca que um dos tipos que vem sendo praticado e tem aumentado a incidência nos últimos anos é o ciberbullying.  “A difamação, a exposição direta de pessoas na internet é um dos mais perversos tipos de violência que existem, pois atinge um número muito grande de espectadores e em tempo recorde. Divulgação de fotos, de mensagens com conteúdo mentiroso e calunioso a respeito da vítima, são os principais atos do ciberbullying”.

Sofrimento – De acordo com Bianca Santos, o bullying pode causar sofrimento psíquico às vítimas e levar a situações extremas, como o suicídio, principalmente entre jovens e adolescentes que não conseguem aguentar a pressão e humilhação social a que são expostos.

A pedagoga reforça que o bullying não acontece somente com a existência do agressor (bullie) e da vítima. Para o bullying ser concretizado é necessário que haja a presença de espectadores. “Todo agressor precisa de espectadores para validar e apoiar suas ações agressivas e perversas, pois a satisfação do agressor é ser exaltado, mesmo que de forma negativa, por esses espectadores que apoiam, validam e reforçam suas ações. Por isso, esse tema deve ser sempre debatido, problematizado e combatido”.

Bianca Santos orienta a comunidade escolar, incluindo professores, equipe técnico-pedagógica, psicólogos, diretores, a ficarem atentos aos sinais de existência de bullying nestes espaços.  Normalmente, diz ela, as vítimas de bullying apresentam comportamento de isolamento, choro, afastamento dos demais colegas, introspecção, resistência em ir à escola e queda no desempenho escolar. “Pode acontecer, também, dessas vítimas terem um comportamento contrário e tornarem-se agressivas como modo de proteger-se da situação. É muito importante que escola e família trabalhem juntas no combate ao bullying, cada um com sua responsabilidade no processo, mas mantendo o diálogo e sendo cientes de seus compromissos em relação ao fato”.

Atendimento ao agressor – A educadora recomenda que o agressor também receba atenção e assistência, pois esse tipo de comportamento não é normal, visto que a ação agressiva praticada pelo bullie dá a ele a sensação de poder, de satisfação na humilhação do outro. “Esse tipo de prática não pode ser permitida dentro das instituições educacionais. Não são comportamentos aceitáveis ou condizentes com a convivência social.  A família e a escola devem ser interventoras junto ao agressor, seja ele criança, jovem ou adolescente. É necessário pensar que o bullie de hoje, na escola,  pode vir a ser o assediador moral de amanhã, nos espaços de trabalho. Por isso, uma intervenção com profissionais específicos da área e a aceitação familiar de que é necessário agir para que haja um atendimento condizente ao agressor, não negando o fato, é essencial”.

Para Bianca Santos, a escola não pode e não deve agir somente de forma sancionadora e punitiva. “A instituição deve agir de maneira preventiva, educativa, mobilizando esforços para sensibilizar, por meio do conhecimento, todo o corpo escolar dos males causados pelas ações de bullying. A única situação que não pode existir é a escola deixar de agir,  porque a  omissão e negligência da instituição e da família à ocorrência de atos de bullying permite sua perpetuação, amplia e aprofunda o sofrimento de muitos estudantes”.

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