Um interlocutor do candidato do PSL destaca que o próximo Legislativo trará uma composição de bancadas mais favorável a Bolsonaro, caso ele vença a eleição, o que tornaria a negociação de suas primeiras medidas mais fácil. Além disso, o eventual novo governo espera também trabalhar para que os próximos presidentes da Câmara e do Senado estejam afinados com suas propostas.
Já neste ano, por exemplo, a tarefa seria bem mais complicada diante da derrota eleitoral do presidente do Senado, Eunicio Oliveira (MDB-CE), que antes já não demonstrava muita disposição em aprovar medidas como a reforma da Previdência.
Na Câmara o clima seria outro, já que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem afinidade de pensamento econômico com o conselheiro de Bolsonaro, Paulo Guedes, e deseja trabalhar para se manter no posto no próximo ano. O problema é que a renovação de mandatos de deputados foi de 47% e atingiu muitos parlamentares que defendiam as reformas do governo do presidente Michel Temer. Pode prosperar, no entanto, a votação do projeto que vai permitir o leilão de campos excedentes do pré-sal referentes à cessão onerosa negociada com a Petrobras quando foi capitalizada no governo Lula. Isso pode gerar mais de R$ 100 bilhões aos cofres públicos no próximo ano, facilitando a vida do próximo governo na busca de reduzir o déficit público da União.
Diante deste cenário, assessores de Bolsonaro articulam para, se ganharem a eleição, usar o período de transição, que será curto, a fim de fechar todas as principais medidas para encaminhá-las ao Legislativo no início de fevereiro logo depois da eleição dos novos presidentes da Câmara e Senado.
Em 2018, a equipe de Bolsonaro acredita na aprovação apenas de algumas medidas pontuais, como a taxação de fundos exclusivos de investimentos, que pode gerar mais de R$ 6 bilhões para a União.
Já em relação a outras propostas em tramitação no Congresso, como a privatização da Eletrobras, que a atual equipe econômica de Temer desejaria aprovar, dificilmente ela será aprovada agora porque Bolsonaro sinalizou não desejar vender geradoras de energia elétrica.