22/05/2020 11h40
Os casos de Covid-19 estão crescendo de forma desproporcional entre os Estados brasileiros. Apesar do Amazonas permanecer com o maior número de casos e óbitos por 100.000 habitantes, a taxa de crescimento no número de novos casos chegou a 100% no Tocantins entre os dias 11 e 18 de maio.
As informações são parte de um estudo coordenado pelo professor da Escola de Medicina e do Epicenter, Centro de Epidemiologia e Pesquisa Clínica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), José Rocha Faria, com dados fornecidos pelo Ministério da Saúde.
Até o momento, os Estados com maior número de óbitos proporcionalmente à sua população são Amazonas (34,6 casos/ 100.000 hab.), Ceará (19,1 casos/ 100.000 hab.) e Pernambuco (17,2 casos/ 100.000 hab.). O número de infectados no Amazonas coloca o estado em uma condição pior que a Itália, epicentro global da pandemia até há poucas semanas, segundo Faria.
A média nacional no período foi de 51,2%. A Covid-19 possivelmente já é a enfermidade que mais mata diariamente no país. Segundo os últimos dados disponíveis no Datasus, as doenças cardiovasculares, que agrupam mortes por infarto e derrame, entre outras, causam uma média de 1000 mortes por dia.
Outros Estados com os maiores índices foram Sergipe (98,1%), Pará (94,8%) e Paraíba (89,5%). O Estado do Tocantins também teve o maior aumento em óbitos por Covid-19 no período (166,7%), seguido de Roraima (150%), Pará (87,7%) e Piauí (77,8%).
Índices
As diferenças entre os índices de contaminação nos estados brasileiros podem ser causadas por diversos fatores.
Os pesquisadores estão analisando os números de infecção e mortes para tentar identificar os fatores que levam ao aumento dos casos.
“Estamos olhando variáveis socioeconômicas, desenvolvimento, obediência às medidas de distanciamento social”, diz Faria.
Análise
Um cenário a ser analisado é o de São Paulo: na semana de 11 a 18 deste mês, o Estado teve aumento de 36,7% no número de casos e 28,9% de aumento dos óbitos, ficando entre os três menores crescimentos do país.
“São Paulo conseguiu controlar um pouco o crescimento de casos e óbitos na última semana. Por outro lado, no Amazonas tanto o número de óbitos quanto de casos está crescendo acima da média nacional. É um cenário que está ruim e tende a piorar”, destaca Faria.
A discriminação das taxas por estados brasileiros ajuda a entender a pandemia: a análise de números absolutos leva a grandes distorções, segundo Faria. “Cada região, Estado, tem condições bem distintas. É preciso fazer análises distintas”, ressalta.
“Em um país tão grande como o Brasil, é essencial fazer a conversão do número de casos proporcionalmente à população e isso deve ser feito no menor território possível para dar um retrato mais fiel da situação”, explica.
Com informações da assessoria