Manaus, 28/03/2024

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Festival de circo amazonense traz documentário sobre primeira palhaça negra do Brasil 

Festival de circo amazonense traz documentário sobre primeira palhaça negra do Brasil 
22/04/2021 19h10

Com debates sobre o racismo, machismo e a longa luta de uma artista em busca do protagonismo nos palcos circenses, o documentário “Minha avó era palhaço”, que conta a história de Maria Alves dos Reis, primeira palhaça negra do Brasil, será exibido nesta quinta-feira (22/04), a partir das 19h, durante o festival Lona Aberta, por meio do Youtube da Cacompanhia de Artes Cênicas (https://bit.ly/3a52dVE).

Lona Aberta foi contemplado no edital Prêmio Feliciano Lana, que faz parte das ações emergenciais da Lei nº 14.017/2020, conhecida como Lei Aldir Blanc, operacionalizada no Estado através do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

O documentário traz depoimentos, arquivos e pesquisas sobre o palhaço Xamego – personagem homem criado pela atriz Maria Eliza Alves dos Reis, nas décadas de 1940 a 60 e que é dirigido por Mariana Gabriel (neta de Maria Eliza) e Ana Minehira. 

De acordo com Mariana Gabriel, que é cineasta, jornalista e palhaça, além de mostrar histórias sobre a relação de sua família com o circo, a obra traz questionamentos sociais sobre os desafios enfrentados por uma mulher negra nos palcos. ‘Palhaço Xamego’ se  apresentava ao lado do marido e era anunciado por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. 

“Falar desse documentário é falar sobre a história da vida da minha avó, mas é também contar um pouco a história do circo no Brasil, então é um trabalho que fala dessa memória, da história da minha família, feita de artistas pretos e circenses que poucos sabem ou que pouco se ouve falar. É também destacar a comicidade feminina no nosso País, que começa em 1980, quando surgem as escolas de circo”, destaca Mariana. “Tenho muito orgulho desse trabalho, de poder compartilhar essa história e fico muito honrada de poder chegar na Região Norte.Será a estreia do documentário na região. O sonho da gente é correr todos os estados brasileiros”.

Exibições nacionais – Com duração de 52 minutos, o filme é resultado de entrevistas, consultas no acervo do Centro de Memória do Circo, leituras de teses nacionais e internacionais. “Minha avó era palhaço” já esteve em 11 estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Paraíba, Alagoas – e também em Brasília, foi assistido por cerca de 7 mil pessoas.

A diretora e produtora do documentário, Ana Minehira destaca que produções como “Minha avó era palhaço” são necessárias para que outras pessoas se inspirem e se engajem através dos personagens. 

“A principal mensagem que o documentário traz é sobre a necessidade de fazermos o registro da nossa história e mostrar a importância de muitas pessoas, e principalmente os negros, na arte do Brasil. Nós lançamos o filme em 2016, mas essa história vem de muito antes, por isso que o trabalho de pesquisa é muito importante, mostrando as pessoas que fizeram história nas artes”, pontua. 

Mostras Virtuais – Ainda nesta quinta-feira, após a exibição do documentário, o Festival Lona Aberta contará com a ‘Mostra Xamego de Comicidade Preta’, com apresentações virtuais, e  uma entrevista com as diretoras do documentário, no Caconversas Talk Show, a partir das 22h. Todas as exibições acontecem no canal do Youtube da Cacompanhia ((https://bit.ly/3a52dVE).

Sobre o Lona Aberta – Em sua primeira edição, o Lona Aberta conta  cinco noites temáticas, com um grupo convidado de cada eixo. Além disso, o festival tem atrações como a companhia Nós no Bambu, de Brasília; a cineasta e palhaça Mariana Gabriel, neta da primeira palhaça negra do Brasil; a Cia. Fundo Mundo, formada exclusivamente por pessoas transgêneras, travestis e não-binárias; o Circo di SóLadies, formado por palhaças que pesquisam a linguagem cômica na cena teatral; e a artista Jayne Kira, que realiza um trabalho com tecido acrobático em Manaus.

O projeto foi idealizado pelo artista Jean Palladino, da Cacopanhia de Artes Cênicas e conta com coordenação pedagógica de Francine Marie, coordenação executiva de Taciano Soares, produção de Ana Oliveira, coordenação técnica de Carol Calderaro e produção executiva de Kelly Vanessa.

A Cacompanhia de Artes Cênicas se dedica à pesquisa e produção de espetáculos de circo-teatro em Manaus. Com 3 anos de atividades, tem cinco espetáculos em repertório, participação em importantes festivais e mostras de teatro e circo no Brasil, como Festival Palco Giratório, em Porto Velho/RO, 3º Festival Nacional de Teatro de Passos, Mostra Sesc Cariri de Culturas e 15º Feverestival.

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