09/10/2018 17h00
No dicionário, fotografar é o processo de fixar uma imagem por meio de um sensor digital ou superfície fotossensível com o auxílio da luz. Para os segurados do município, porém, o significado transcendeu a definição léxica. Para Sérgio Barbosa Fonseca, 73, fotografar é sinônimo de superação e para Rozilda Marques da Silva, 65, gratidão. Ambos são concludentes do curso de fotografia oferecido pela Prefeitura de Manaus aos aposentados e pensionistas e que encerrou nesta terça-feira, 9/10.
“É tão perceptível a satisfação no olhar de vocês que nem precisamos perguntar se vocês aprovaram o curso”, comentou o diretor-presidente da Manaus Previdência, Silvino Vieira, no encerramento da atividade. “Isso mostra que atingimos o objetivo”, arrematou.
“Visualizar as fotos que vocês fizeram é a prova de que vocês aproveitaram não apenas para aprender algo novo, mas se integrar cada vez mais”, destacou a diretora do Departamento de Educação e Aperfeiçoamento da Escola de Serviço Público Municipal e Inclusão Socioeducacional (Espi), Jeânia Bezerra.
A parceria entre as duas instituições – a segunda, integrante da estrutura da Secretaria Municipal de Administração, Planejamento e Gestão (Semad) – possibilitou a oferta deste e de outros cursos oferecidos pela previdência aos aposentados e pensionistas.
Responsável pela seleção dos cursos oferecidos pela previdência aos segurados, a coordenadora do Setor de Psicossocial, Darla Gondim, destacou que os trabalhos expostos pelos alunos no último dia da atividade era a prova inconteste do aproveitamento do aprendizado. “As fotos falam por si só e é emocionante testemunharmos esse resultado tão positivo”.
Para a instrutora Cristina Ferreira, a turma correspondeu às expectativas e superou qualquer projeção em relação à absorção das técnicas ensinadas. “Eles são interessados e muito ativos. A cada aula percebemos a melhoria da qualidade da foto e da criatividade e o resultado está aqui, nesta miniexposição”, aponta, referindo-se a algumas das fotografias dos alunos que compuseram o cenário do encerramento do curso, afixadas nos vidros das janelas do Setor de Atendimento, local onde também houve a entrega do certificado de conclusão a cada participante. As fotos ficarão em exposição até o final do mês.
A instrutora e os alunos também trouxeram câmeras fotográficas que tinham em casa para demonstrar, visualmente, a evolução dos equipamentos. Entre os modelos, uma que chamava a atenção era a câmera Kapsa, estilo “caixotinho”, da década de 50. Mecanismo simples e mecânico, com apenas com três tipos de ajuste, mas robusta o suficiente para resistir a quedas.
Superação
Um dos aplicados alunos do curso de fotografia foi o fotógrafo profissional aposentado Sérgio Fonseca. Com pouca visibilidade na visão desde quando nasceu, ainda assim Fonseca conseguiu se destacar na profissão onde o olhar é fundamental para o produto final. “Na nossa idade, precisamos fazer alguma atividade para garantir a saúde do corpo e da mente. E fazer algo com que trabalhei por décadas e de onde tirei o sustento da minha esposa e dos meus seis filhos, me trouxe muitas recordações e saudades”, disse, emocionado, acrescentando que dois de seus filhos seguiram a mesma profissão.
Mesmo com tanta experiência, Fonseca afirma que aprendeu coisas novas no curso, principalmente no uso da câmera do celular. “Passei praticamente por todos os jornais de Manaus; estive ao lado de grandes autoridades do Brasil e do mundo. Mas, estar junto de pessoas como eu, nessa etapa da vida, me revela o grande valor da convivência”, analisou.
A sensação de saber os princípios básicos para fazer uma boa fotografia promove no rosto da aposentada Rozilda Marques um sorriso que não esconde o orgulho de saber utilizar melhor o celular para registrar momentos inesquecíveis. “Aprendi sobre iluminação e ângulos, por exemplo, algo que nem imaginava que influía no produto final”, relatou.
Para a miniexposição do curso, Rozilda escolheu um tema histórico: foi ao Museu Casa Eduardo Ribeiro, no Centro, e fotografou vários objetos e cenários do local. Para a exposição, escolheu a foto que retrata os sapatos que caracterizam o vestuário da época do ex-governador, que governou o Amazonas em duas ocasiões: 1890-1891 e 1892-1896. “Fui ao museu depois de votar, no último domingo, e lá encontrei a minha inspiração, o ‘olhar-luz’ da fotografia e registrei esse momento. Meu sentimento é de gratidão com a Prefeitura, por nos proporcionar esse conhecimento, essa integração, essa oportunidade. Ano que vem, nos novos cursos, estarei aqui, se Deus quiser”, promete.