Uma jogadora de xadrez iraniana chegou à Espanha nesta terça-feira depois de receber o que uma fonte próxima a ela disse serem advertências para não retornar ao Irã por competir sem hijab em um torneio internacional no Cazaquistão.

Sara Khadem, nascida em 1997, participou do Campeonato Mundial de Xadrez Rápido e Blitz da FIDE na semana passada em Almaty sem o hijab – um lenço de cabeça obrigatório de acordo com os rígidos códigos de vestimenta do Irã.

A fonte, que não quis ser identificada devido à sensibilidade do assunto, disse que Khadem posteriormente recebeu vários telefonemas nos quais indivíduos a alertaram para não voltar para casa após o torneio, enquanto outros disseram que ela deveria voltar, prometendo “resolvê-la”. problema”.

A fonte disse ainda que parentes e pais de Khadem, que estão no Irã, também receberam ameaças, sem dar mais detalhes.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o caso.

Khadem, também conhecido como Sarasadat Khademalsharieh, chegou à Espanha na terça-feira, disse a fonte.

Ela não respondeu ao pedido de comentário da Reuters. Jornais, incluindo Le Figaro e El Pais, relataram na semana passada que Khadem não voltaria ao Irã e se mudaria para a Espanha.

Os telefonemas levaram os organizadores a decidir fornecer segurança com a cooperação da polícia cazaque, resultando em quatro guarda-costas estacionados do lado de fora do quarto de hotel de Khadem, disse a fonte.

O Irã foi varrido por manifestações contra a liderança clerical do país desde meados de setembro, quando a iraniana curda Mahsa Amini, de 22 anos, morreu sob custódia da polícia moral que a deteve por “traje inadequado”.

As leis que impõem o uso obrigatório do hijab se tornaram um ponto crítico durante os distúrbios, com uma série de esportistas competindo no exterior aparecendo sem seus lenços de cabeça em público.

Khadem está classificado em 804º lugar no mundo, de acordo com o site da Federação Internacional de Xadrez. O site do evento de 25 a 30 de dezembro a listou como participante das competições de Rapid e Blitz.

Os protestos marcam um dos desafios mais ousados ​​à liderança do Irã desde a revolução de 1979 e atraíram iranianos de todas as esferas da vida.

As mulheres desempenharam um papel proeminente, removendo e, em alguns casos, queimando lenços de cabeça, enquanto os manifestantes se animaram com o que viram como demonstrações de apoio de atletas iranianos femininos e masculinos.