Manaus, 28/03/2024

Cidade

Manaus tem mais de 100 prédios abandonados, aponta Implurb

Foto: Autor Desconhecido - retirada do google.
Foto: Autor Desconhecido - retirada do google.
08/03/2023 14h50

Manaus tem mais de 100 prédios abandonados, seguindo o Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb). Muitas dessas construções guardam um pouco da história do Amazonas.

Ao total, 116 edifícios estão abandonados em Manaus. 103 deles só na área central da capital, segundo o Implurb.

“Existem essas pequenas jóias espalhadas ao longo de todo centro histórico e eles contam o modos viventi do amazonense daquela época e fora isso guardam em si uma riqueza arquitetônica muito grande no assoalho, nos forros, nas paredes, com pinturas, portões em ferro. Isso tudo é uma riqueza arquitetônica muito grande, um acervo da própria cidade de Manaus. Não se pode perder, é um valor inestimável”, afirmou o historiador Roger Peres.

Acervo urbano que pode ser visto, por exemplo, na esquina das ruas Simon Bolívar com Ferreira, bem ao lado da praça da saudade no Centro da capital. O palacete 5 de Setembro foi construído por volta de 1908 como residência do primeiro presidente do banco amazonense.

No local, também funcionou a escola de magistratura, serviu como gabinete do vice-governador e atualmente está fechado e abandonado.

Riqueza arquitetônica também neste palacete localizado na Avenida Sete de Setembro. Construído pelo superintendente da Manáos Tramways, a empresa que operava bondes elétricos em Manaus, serviu anos depois como residência do ex-governador Gilberto Mestrinho.

Apesar das cercas, o imóvel tem sido invadido e depredado. Situação que gera insegurança.

“Vira local de usuários de drogas. Pessoal acaba invadindo aí até pra cometer crimes né, faz assaltos, sei lá, fica aí dentro. Gera uma insegurança, principalmente a noite”, disse o designer gráfico Janderson Pantoja.

Segundo a Prefeitura de Manaus, a maioria dos prédios abandonados é de propriedade particular. A responsabilidade de limpeza, manutenção e fechamento com muros ou cercas é dos proprietários.

Cabe ao município a fiscalização para que os imóveis não sejam descaracterizados e a vistoria em caso de obras autorizadas.

“O Poder Público, ele não tem a responsabilidade dentro de um imóvel privado. A responsabilidade – poder público federal e municipal – é do conjunto de regras. O que vai ser conservado, o que vai ser preservado e o que vai ser reabilitado para as novas funções sociais”, explicou a arquiteta e urbanista Melissa Toledo.

Para o historiador Roger Peres, alguns motivos explicam a falta de manutenção por parte de alguns donos de imóveis históricos.

“Tem questões de herdeiros, alguns imóveis realmente são fruto de alguma herança e os herdeiros às vezes se arrastam em brigas judiciais durante anos. Tem questões financeiras. As pessoas realmente não tem condições de arcar com o restauro. Eu falo de um restauro sério, técnico. Não é uma coisa realmente barata e quanto mais o imóvel fica deteriorado, mais oneroso ele se torna para se conseguir efetivamente uma recuperação como deve ser feita”, contou.

Mas prédios públicos também sofrem com o abandono. É o caso da Escola Nilo Peçanha. Os sinais de vandalismo são visíveis no prédio.

Foto: Gil Guedes

Outro prédio público abandonado é o da Escola Estadual Saldanha Marinho. A construção de 1901 é tombada como monumento histórico do estado, mas sofre com a depredação e o abandono.

Para a arquiteta e urbanista, preservar deve ser mais que um dever dos proprietários e do poder público, mas um compromisso de toda a população com a história do Amazonas.

“Como é que a gente vai preservar se a gente não conhece?! Então eu sempre falo: ‘Para preservar e cuidar eu tenho que conhecer’. E o processo da educação, educação urbana, patrimonial, é justamente isso. É entender o nosso centro histórico, entender o centro histórico antigo, as edificações, o que foi o ecletismo em Manaus. O que foi no ponto visto urbano arquitetônico e sociocultural para que se tenha uma consciência de que aquela edificação que por ventura eu tenha alguma co-responsabilidade como herdeira, como proprietária, eu também tenho que entender o que eu vou manter ou não”, finalizou.

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