Manaus, 20/05/2024

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MPF pede informações de órgãos de saúde sobre atendimento a indígena que morreu espancado em Manaus

MPF pede informações de órgãos de saúde sobre atendimento a indígena que morreu espancado em Manaus
02/03/2024 09h30

O Ministério Público Federal (MPF) disse nesta sexta-feira (1º) que pediu informações aos órgãos de saúde do Amazonas sobre o atendimento a um indígena Kulina, que foi espancado e morto em Manaus, e a mulher dele, que veio para capital realizar uma cirurgia de parto cesariano.

A vítima e a mulher chegaram em Manaus no dia 1º de fevereiro e foram encaminhados direto para a maternidade Ana Braga, na Zona Leste da capital. No entanto, no dia 7, o homem, identificado como Tadeo Kulina, foi espancado e, em consequência dos ferimentos, morreu no Hospital João Lúcio, que fica na mesma avenida da maternidade onde a mulher dele estava internada.

Ao g1, o MPF disse que iniciou as investigações sobre o caso, pedindo informações aos órgãos de saúde que atenderam os indígenas.

“Também estão previstas oitivas para apurações necessárias. A Organização dos Povos Indígenas do Juruá (OPIJU) está sendo informada para acompanhar o caso”.

Já as investigações acerca das circunstâncias envolvendo a morte do indígena serão feitas pelo Ministério Público Estadual (MPAM), de acordo com o MPF.

Cronologia do caso

Segundo a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, a transferência da mulher de Tadeo foi feita pela Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM). Logo após chegar a Manaus, o casal recebeu a visita de técnicos do Distrito de Saúde Especial Indígena (DSEI).

“A equipe de profissionais do DSEI Médio Rio Solimões e Afluentes, que atua na Casa de Saúde Indígena (Casai) de Manaus, foi ao hospital realizar visitas de acompanhamento a paciente em diversas ocasiões”, explicou a Sesai, que também narrou a cronologia dos fatos:

  • Em 5 de fevereiro, o serviço social do hospital solicitou que a equipe do DSEI enviasse uma testemunha para o registro do recém-nascido pelo genitor, o indígena Tadeo Kulina.
  • No dia 6, uma enfermeira realizou visita à paciente e seu recém-nascido.
  • No dia 7 de fevereiro, a maternidade entrou em contato com a Casai Manaus informando que a paciente estava sem acompanhamento.

“Quando a equipe do DSEI chegou a unidade de saúde, confirmou que Tadeo Kulina havia deixado o local no dia anterior. A equipe realizou buscas pelo indígena pelos arredores da unidade de saúde, ruas e bairros da redondeza, mas não obteve êxito. Em seguida, a equipe registrou Boletim de Ocorrência do desaparecimento do indígena Tadeo Kulina e aguarda as investigações das autoridades”, disse o DSEI.

Investigações

De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), os investigadores contaram que só souberam do caso após serem acionados para fazer uma remoção no Hospital João Lúcio.

Os agentes, então, descobriram que o homem havia sido agredido na cabeça e chegou ao local escoltado por uma equipe da Polícia Militar, em estado grave. A vítima ainda foi levada para o centro cirúrgico da unidade, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Já a Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) assinou um manifesto, pedindo que o caso seja apurado pelas autoridades.

“Reivindicamos que o assassinato de Tadeo Kulina seja devidamente investigado, os responsáveis diretos e por omissão de suas responsabilidades sejam identificados e a Justiça se realize diante da impunidade histórica que marca o ato de justiça sobre crimes cometidos contra os povos indígenas neste País e no Amazonas”, disse a entidade.

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