Manaus, 20/04/2024

Amazonas

Organização indígena critica investigação e repudia decisão que soltou suspeito de enterrar corpos de Bruno e Dom

Organização indígena critica investigação e repudia decisão que soltou suspeito de enterrar corpos de Bruno e Dom
09/12/2022 14h40

Em comunicado à imprensa, nesta quinta-feira (8), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) repudiou a decisão judicial que concedeu liberdade condicional ao pescador Laurimar Lopes Alves, preso durante uma operação contra pesca ilegal no Vale do Javari, no Amazonas. A organização também fez crítica a forma como as investigações em torno do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips estão sendo conduzidas.

Além de ter sido alvo da operação da Polícia Federal (PF), Laurimar também é suspeito de ter ajudado a esconder os corpos de Bruno e Dom, assassinados em junho. Ele é cunhado de Amarildo Costa de Oliveira, acusado de ter cometido os dois homicídios.

Segundo a organização, a soltura do pescador é “retrato do descaso das autoridades brasileiras” em solucionar os dois assassinatos.

“Esse fato corrobora ao que nós, há muito tempo, estamos denunciando sobre o descaso das autoridades brasileiras competentes em solucionar o caso (…). Já são cinco meses desde a morte de Bruno e Dom, nos parece que as investigações estão sendo feitas de forma paliativa ou que estão simplesmente parada.”, diz a nota.

 

No documento, a Univaja também cita que o crime organizado segue presente na reserva indígena e as lideranças da região seguem sendo vítimas de ameaças.

“O que é mais preocupante, de não estarem tomando nenhuma providência hábil e emergencial para conter a atuação do crime organizado dentro e nas adjacências da TI Vale do Javari. Além disso, precisamos de ações efetivas para garantir que nada disso aconteça a nós (lideranças indígenas) e aos nossos parentes. Nossos parentes, lideranças e os servidores da Funai continuam sendo ameaçados, além de viver em um clima de insegurança e de tensão.”, alerta o comunicado.

Ainda por meio da nota, a Univaja ressaltou que as promessas feitas por diferentes órgãos para a criação de uma base a ser montada para intensificar as investigações ainda não foram cumpridas.

“Em junho, em reunião realizada entre nós, da Univaja, e o Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, o PGR se comprometeu em criar uma força-tarefa com todos os órgãos de Estado que atuam na região – Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Polícia Militar do Amazonas, para que seja criada uma base com todos os recursos disponíveis para intensificar as investigações. E o local para instalação deveria ser a cidade de Atalaia do Norte (AM). Todavia, passados mais de cinco meses, nada foi feito.”, concluiu o documento.

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