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PLÍNIO PEDE A MINISTRA DA AGRICULTURA  INFORMAÇÕES DO LAUDO QUE DETECTOU RISCO DE DISSEMINAÇÃO DE PRAGAS E FUNGOS EM SEMENTES ENVIADAS AO BRASIL POR PAÍSES ASIÁTICOS

PLÍNIO PEDE A MINISTRA DA AGRICULTURA  INFORMAÇÕES DO LAUDO QUE DETECTOU RISCO DE DISSEMINAÇÃO DE PRAGAS E FUNGOS EM SEMENTES ENVIADAS AO BRASIL POR PAÍSES ASIÁTICOS
01/12/2020 15h31

BRASÍLIA| Preocupado com riscos de contaminação biológica que possam afetar a produção no Brasil do agronegócio, carro chefe da balança comercial do País, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) enviou hoje um ofício a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, pedindo maiores esclarecimentos sobre estudos já feitos em sementes enviadas a vários estados brasileiros por países asiáticos, especialmente a China.

Questionado nos últimos dias sobre o laudo da área técnica do ministério que já constatou riscos de disseminação de pragas e fungos não existentes no Brasil , Plínio quer avaliar que medidas o Senado pode encaminhar em parceria com o Ministério da Agricultura, para cobrar dos países asiáticos envolvidos providências para investigar e barrar o envio de novos pacotes com as sementes suspeitas a pessoas desavisadas sobre os riscos de plantarem .

No ofício enviado por Plínio ao Ministério, o senador diz que já se descobriu a presença de ácaros, fungos, bactérias e quatro tipos de ervas daninhas, que não existem no Brasil. O alerta é máximo, diz Plínio.

_ Evidentemente, a princípio o risco é desconhecido, e quando se trabalha com risco desconhecido, o alerta é máximo. Os efeitos sobre a produção agrícola brasileira podem ser terríveis. Existem precedentes, não apenas no Brasil, mas em muitos outros países _ alerta Plínio no oficio enviado a ministra Tereza Cristina.

Veja abaixo a íntegra do ofício enviado por Plínio Valério ao Ministério da Agricultura:

Brasília, 1º de dezembro de 2020

Exma. Srª
Tereza Cristina Correa da Costa Dias
Ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Prezada ministra

Dirijo-me a V. Excia. com a convicção de que, não apenas como a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mas também como parlamentar respeitada e conhecida pelo respeito à harmonia entre os Poderes, partilhamos da mesma preocupação com os gravíssimos incidentes causados pelo envio ao Brasil de sementes contaminadas, originárias principalmente da Ásia.
Sabemos que se trata em grande parte de sementes de plantas ornamentais e frutíferas. Existe a suposição de que muitos outros tipos de plantas, inclusive de grande interesse comercial e exportador, estão no mesmo caso. Todas vieram de países asiáticos, a maioria da China, sem que o destinatário tenha pedido.
Temos a informação, ainda, de que já se descobriu a presença de ácaros, fungos, bactérias e quatro tipos de ervas daninhas, que não existem no Brasil. Evidentemente, a princípio o risco é desconhecido, e quando se trabalha com risco desconhecido, o alerta é máximo. Os efeitos sobre a produção agrícola brasileira podem ser terríveis. Existem precedentes, não apenas no Brasil, mas em muitos outros países.
Todas essas informações são ainda prestadas em caráter precário, mas é do conhecimento público que já foram recolhidas centenas desses pacotes, possivelmente mesmo milhares. Sabemos ainda que essas sementes estão sendo analisadas, catalogadas e classificadas. Pouco ou nada se sabe, porém, sobre os riscos para a saúde e para o agronegócio.
Também se tornou público que o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério recomendou que não se utilizem essas sementes. Essa informação, porém, ainda é bastante precária.
É por esse motivo que me dirijo a V. Excia., solicitando esclarecimentos indispensáveis não apenas para responder aos questionamentos que me vem sendo feitos, mas também para orientar minha ação parlamentar. As principais dessas questões são as seguintes:
1. Já existe uma avaliação precisa sobre os potenciais danos que essas sementes e outros materiais podem causar à agricultura brasileira?
2. Quais exatamente são os fungos e ácaros encontrados nesse material e que dano podem eventualmente causar à produção agrícola brasileira?
3. Existem entre eles fungos e ácaros ainda desconhecidos nos meios científicos brasileiros?
4. À parte os fungos e ácaros constantemente mencionados, as sementes podem causar outros danos?
5. É correta a informação de que em quatro amostras foram identificadas uma espécie quarentenária ausente – Descurainia sophia – considerada planta daninha nos Estados Unidos e Canadá, além de planta invasora no México, Japão, Coreia, Chile e Austrália? Já a Myosoton aquaticum é considerada daninha nos campos de trigo da China. Da mesma forma, é correto que outras 15 amostras continham gêneros que tem espécies quarentenárias ou espécies com potencial quarentenário, como sementes de Cuscuta; de Brassica; de Chenopodium; de Amaranthus; e dos fungos Cladosporium; Alternaria; Fusarium; e Bipolaris? Se essas informações se confirmam, que providências devem ser tomadas?
6. Confirmadas essas informações, torna-se mais provável uma ação de sabotagem estrangeira, eventualmente com respaldo estatal?
7. Quais os rumos seguidos por essas investigações que, ao que se informa, estão sendo conduzidos pelo Ministério?
8. Quais as conclusões a que se chegou até agora?
9. Existe algum cronograma para as investigações em curso? Em que prazo se espera ter uma informação precisa a respeito, se é que essa informação ainda não existe?
10. Já se fez algum contato com os representantes dos estados dos quais se originam essas sementes e outros materiais, em especial da República Popular da China?
11. Em caso positivo, que esclarecimentos foram prestados ao governo brasileiro?
12. Há precedentes no envio desse tipo de sementes, não só ao Brasil, mas também a outros países?
13. Já se tem alguma ideia do prejuízo potencial que essa operação externa pode causar ao agronegócio brasileiro?
14. As descobertas já feitas indicam uma ação estruturada, indicando presença de estado estrangeiro, voltada para causar danos na agropecuária brasileira e, em especial, para nossas exportações?

Atenciosamente,

Senador PLÍNIO VALÉRIO (PSDB-AM)

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