Manaus, 18/04/2024

Brasil

Prefeito de polo frigorífico do Brasil é investigado em meio a onda de casos de coação eleitoral

Prefeito de polo frigorífico do Brasil é investigado em meio a onda de casos de coação eleitoral
23/10/2022 17h00

Um promotor do trabalho brasileiro disse nesta sexta-feira ao prefeito de uma grande cidade do agronegócio para parar de instruir as empresas a “sugerir, influenciar ou induzir” trabalhadores a votar em candidatos específicos, depois que ele pediu que líderes empresariais votos para o presidente de direita Jair Bolsonaro.

A promotora Mariana Casagranda emitiu a ordem, vista pela Reuters, como parte de uma investigação preliminar do prefeito João Rodrigues de Chapecó, um viveiro da indústria frigorífica brasileira.

O documento cita um vídeo de Rodrigues dizendo a líderes empresariais para orientar seus funcionários a votar em Bolsonaro, que enfrenta o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno de 30 de outubro.

O Brasil tem visto uma onda de reclamações sobre empresas brasileiras fazendo pressão política ilegal sobre funcionários, em meio à reta final de uma campanha presidencial altamente polarizada.

Houve mais de 900 ações desse tipo contra empresas este ano, contra 212 em 2018, de acordo com dados nacionais compilados por procuradores do trabalho em Brasília.

A lei eleitoral proíbe os brasileiros de prometer benefícios ou fazer ameaças para direcionar votos a favor ou contra um determinado candidato.

A Reuters informou pela primeira vez sobre a investigação de Chapeco com base em três pessoas familiarizadas com a investigação.

“Reúna seus funcionários e dirija-os. O Brasil não pode se tornar uma Venezuela. Não será se Bolsonaro continuar presidente”, disse Rodrigues em um vídeo de 55 segundos visto pela Reuters, dirigindo-se à comunidade empresarial local antes de declarar seu nome e cargo.

Rodrigues disse à Reuters que gravou o vídeo esta semana em Chapecó em um hotel onde conheceu cerca de 70 empresários, mas negou ter infringido qualquer lei. Ele disse que violar a lei eleitoral exigiria ameaçar ou compensar alguém para agir.

“O que vejo é uma ação equivocada do Ministério Público do Trabalho”, disse Rodrigues, acrescentando que os investigadores estão “incriminando todo o setor produtivo”.

Os promotores do trabalho em Brasília se recusaram a responder aos seus comentários.

Rodrigues disse que alguns líderes empresariais podem ter cometido “abusos”, mas questionou por que eles não podem orientar seus funcionários sobre a próxima votação. “Claro que o empresário deve falar com o empregado. Ele deve. A empresa é dele. É sua perda se sua empresa falir.”

Uma das fontes familiarizadas com o caso Rodrigues disse que a investigação foi desencadeada pelo vídeo em que ele se refere ao segundo turno de 30 de outubro entre Bolsonaro e o candidato de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva. Dependendo de como a investigação prosseguir, pode se tornar uma ação civil.

“Com Lula como presidente, vamos enfrentar uma crise muito séria”, disse Rodrigues na filmagem, alertando os empresários sobre os planos de Lula de aumentar impostos e impulsionar programas sociais.

Nos momentos finais do vídeo, ele exortou a elite empresarial local “a trabalhar”.

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