A princesa vai concorrer contra o líder da junta militar, o primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha, que anunciou sua candidatura também nesta sexta-feira, minutos depois dela, pelo Phalang Pracharat, partido liderado por vários ex-ministros do seu governo.
Oficialmente, a princesa perdeu seu título real quando se casou com um americano, em 1972. Ela retornou à Tailândia no fim dos anos 1990, depois de se divorciar. Apesar de não ter recuperado seu título original, ela é vista e tratada como um membro da realeza pela população tailandesa.
O Thai Raksa Chart destacou a vida de plebeia de Ubolratana nos Estados Unidos, após renunciar ao título real, em 1972, e seu trabalho em vários projetos sociais desde que retornou à Tailândia.
“Ela concluiu que é hora de se voluntariar para servir como primeira-ministra, ajudar o país e as pessoas usando os conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo dos anos em vários aspectos, tanto em nível local, como no exterior”, acrescentou.
No mês passado, a junta militar convocou as eleições após vários atrasos e depois de mais de quatro anos no poder, período em que aprovou uma Constituição que restringe a margem de manobra dos governos eleitos.
Analistas veem a decisão com cautela e afirmam que ela pode complicar ainda mais a situação política no país asiático. Uma das complicações é que adversários poderão se sentir desencorajados a criticar a princesa e seu partido devido ao grande respeito que os tailandeses têm pela monarquia e também devido à lei de lesa-majestade, que proíbe críticas e insultos à família real. Apesar de a lei não valer mais para Ubolratana, tudo pode ser uma questão de interpretação.
A indicação também sinaliza que a aliança entre a família real e os militares pode estar em risco e que pode estar havendo uma reaproximação entre o palácio real e o clã Shinawatra, depois de anos de hostilidade.
Um perdão real para Thaksin e sua irmã Yingluck Shinawatra se tornaram uma possibilidade, segundo observadores. Os dois foram depostos em golpes militares (ele em 2006, ela em 2014) e sentenciados à revelia por corrupção e uma política fracassada de subsídios ao arroz. Ambos vivem num exílio autoimposto.
Thaksin, um bilionário odiado pelos militares e pela elite de Bagcoc, é adorado pela população rural por causa de suas políticas para saúde, educação e de bem-estar social.