Há menos de um mês para completar o primeiro ano da atual gestão governamental, milhares de profissionais da saúde que prestam serviço ao Estado, sofrem há mais de cinco meses por não receberem os seus salários de dias trabalhados referentes aos meses de julho, agosto setembro, outubro e novembro. São milhares de profissionais entre médicos, enfermeiros especialista e técnicos, além de maqueiros contratados por empresas terceirizadas, pelo governador Wison Lima.

As empresas contratadas são: Segeam (Serviço de Enfermagem e Gestão em Saúde do Amazonas), BRB Serviço de Saúde 3 LTDA, CC Batista, Sousa Serviços de Saúde LTDA, Sismed Serviços Médicos, Nurses Serviço de Saúde da Amazônia,  Manaós Serviço de Saúde, Coopeam (Cooperativa de Enfermeiros do Amazonas) e Life. Todas recebem o apoio do Sindpriv (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Amazonas).

No mês passado (novembro), o governador Wilson Lima afirmou que iria efetuar o pagamento dos salários atrasados dos meses de outubro e novembro diretamente para os funcionários, sem passar pelas empresas. Porém, segundo informações dos próprios trabalhadores, a promessa não foi cumprida.

São profissionais que seguem trabalhando sem faltar um dia sequer o serviço. Ainda de acordo com os trabalhadores, até mesmo gastos com transportes e alimentação estão sendo desembolsados com a ajuda de outras pessoas. 

Mas quem não tem, muitas vezes ficam sem saber o que fazer. Como é o caso da enfermeira técnica Lucia Adma, de 42 anos, que prestava serviço no período da noite no Hospital Platão Araújo, pela empresa Segeam. Lucia, teve que abrir mão do trabalho que tanto ama e exerce como enfermeira, para passar a trabalhar como costureira e brechó, pois se preocupa com a alimentação da família. “Hoje estou trabalhando com costuras, brechó, bordados e redes. Tenho que ir atrás do meu trocado. É meu mísero dinheiro, mas vem do meu suor. Eu amo ser enfermeira, eu amo minha área, mas tenho a minha família que depende de mim.” lamentou Lucia.

A enfermeira especialista em urgência e emergência, Kamyla Sounier, presta serviço há cinco meses também no Hospital Platão Araújo, pela empresa Segeam. Kamyla afirma que recebeu somente o salário do primeiro mês, e que há quatro meses não recebe o salário. “Sou enfermeira recém formada. A Segeam foi a única empresa que abriu as portas para me dar uma oportunidade de emprego. Vou fazer 5 meses que estou na empresa. E hoje me encontro em uma situação que não sei se amanhã vou ter comida para oferecer para as minhas três filhas”, declara Kamyla. 

Garantia Duvidosa

Nesta quarta-feira, 04, em votação na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), foi aprovado o Projeto de Lei (PL) nº 717/2019, que permite a contratação temporária dos profissionais, mediante o Regime de Direito Administrativo (RDA).

Segundo o presidente da Casa, deputado Josué Neto, a mudança acaba com o problema da falta de pagamento de salários.

Assim que tomaram conhecimento da aprovação do projeto, os profissionais questionaram duvidosos, afirmando que “isso é só mais uma promessa, semelhante a todas as outras promessas ditas ao longo dos últimos meses”, foi o que disse a enfermeira Lucia Adma.

Nossa produção tentou entrar em contato a Secretaria de Estado de Saúde (Susam), mas até o fechamento desta matéria não obtivemos êxito.

Dia do Basta de Descaso na Saúde do Amazonas

Na próxima sexta-feira (06/12), os profissionais terceirizados da saúde do Amazonas, irão realizar uma manifestação em protesto pelo atraso do recebimento dos salários. A concentração será a partir das 17h, em frente ao Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, localizado na avenida Mário Ypiranga, nº 1581, zona Centro-Sul de Manaus.

Mobilizado por Rosana Frota, cidadã civil amazonense, a iniciativa de organizar o ato público “Dia do Basta de Descaso na Saúde do Amazonas” ocorreu após vários amigos, profissionais da área e internautas de suas redes sociais lhe procurarem para relatarem o fato.

“Eu tomei a iniciativa de organizar esse ato após vários amigos, profissionais e internautas de minhas redes sociais me procurarem para relatarem o caos no qual se encontra a saúde do nosso Estado. Acredito que para exigimos um serviço público de qualidade você não precisa está em um cargo público ou ser um parlamentar, como cidadã posso cobrar das nossas autoridades constituídas um serviço eficiente, um serviço que realmente funcione, a nossa Constitucional Federal, a Lei Maior desse país, me disponibiliza essa garantia. Isso é o verdadeiro exercício da cidadania ”, destacou Rosana.

Rosana também convida toda a sociedade civil para se fazer presente no local, uma vez que quando se fala de saúde pública, o assunto diz respeito a todos. “ É uma situação deplorável. Isso é uma crueldade. Com saúde não se brinca. Portanto, convido a todos da sociedade a comparecer em nosso ato, que será nesta sexta-feira (06.12), para justamente chamar a atenção da atual gestão para essa situação inadmissível. Ninguém aguenta mais esse governo inerte e sem gestão. Chega! Basta!”, finalizou.

Por Suelem Freitas