07/07/2022 10h20
A filha de Cíntia Mariano Dias Cabral, de 49 anos, suspeita de envenenar os dois enteados e matar um deles, diz que espera que a mãe “pague por tudo o que fez”.
“Acho que sim, as pessoas têm que pedir por justiça e continuar gritando do jeito que estão gritando mesmo, para que seja pena máxima, ela pague por tudo que fez”, disse ela.
A filha de Cíntia falou pela primeira vez nesta quarta-feira (6). Ela não quis ser identificada, mas contou ao RJ2 que, inicialmente, não desconfiava da mãe, que não a visitou e nem pretende visitá-la na cadeia.
Ela contou que decidiu falar falar agora porque estava esperando os laudos que comprovaram, segundo indica a investigação policial até o momento, que os jovens foram envenenados – Cíntia é suspeita pelos crimes.
“Pra mim, ela não é mais minha mãe. Eu vou seguir, é uma coisa que só o tempo vai ajeitando. Estou tentando voltar a minha rotina”, disse.
Fernanda Cabral, de 22 anos, morreu em março desse ano, e Cíntia está presa pelo crime, em Bangu. Segundo a polícia, ela é suspeita de ter envenenado a jovem e de ter tentado intoxicar propositalmente o irmão dela, Bruno Cabral, de 16 anos.
“Todo mundo que conhece ela [Cíntia Mariano] tá muito surpreso. Ela fez de uma forma que não deixou passos, não deixou rastros. Acredito que com o Bruno aconteceu para que a gente realmente pudesse descobrir da Fernanda. Se não acontecesse isso, ia passar batido”, falou.
A jovem morava com Cíntia e com o padrasto, Adeílson Cabral, em Realengo, Zona Oeste do Rio, e estava presente nas duas ocasiões: quando Fernanda passou mal, em março, e quando Bruno passou mal, dois meses depois.
Ela conta que Cíntia chegou a confessar o crime para ela e para o irmão.
“Eu falei: ‘me fala pra eu conseguir dormir’. Aí ela falou: ‘eu fiz’. E desligou o telefone. Segundo a filha, Cíntia também assumiu o crime pessoalmente.
“Ela tentou negar da Fernanda, mas do Bruno, ela, em nenhum momento negou. Aí eu fiquei falando da Fernanda e ela disse: ‘eu fiz’. Ela estava sentada e a minha mãe era uma pessoa que nunca deixaria eu gritar com ela. Aí eu gritei, gritei muito pela Fernanda, porque eu tinha uma relação muito boa com a Fernanda. Aí eu gritei e ela só escutava. Se a pessoa não fez nada, ela não deixa te acusarem assim”.
Apesar de ter assumido para os filhos, a filha conta que Cíntia não revelou o motivo de ter envenenado os enteados.
Laudos comprovam intoxicação
O corpo de Fernanda foi exumado no dia 26 de maio para saber se ela também foi envenenada. Com base no prontuário médico, a perícia concluiu que a jovem morreu por intoxicação.
A análise toxicológica feita no corpo da jovem não chegou a detectar substâncias tóxicas, por já ter passado muito tempo da morte. Mas o laudo do Instituto Médico Legal (IML), feito após a exumação, concluiu que houve envenenamento.
Outro laudo IML, que também saiu esta semana, confirmou que Bruno foi igualmente envenenado. Os peritos do IML identificaram intoxicação por chumbinho e outros dois tipos de compostos tóxicos no material gástrico recolhido.
Essas eram as provas que a Polícia Civil esperava para ligar Cíntia à morte de Fernanda, além do envenenamento de Bruno. Com esta confirmação, a polícia vai pedir ainda essa semana a conversão da prisão de Cíntia, de temporária para preventiva.