Manaus, 28/03/2024

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USP: Vítimas de golpe tentarão parceria para formatura

USP: Vítimas de golpe tentarão parceria para formatura
22/01/2023 13h00

Os alunos da turma 106 da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), vítimas de um desvio de quase R$ 1 milhão arrecadado para a festa de formatura, tentarão parcerias nas redes sociais para viabilizar a festa de conclusão de curso, prevista para acontecer em janeiro de 2024.

Os estudantes, que acabaram de ingressar no sexto e último ano da graduação, vinham pagando as mensalidades da festa desde 2019, mas descobriram no último dia 6 que a colega Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, então presidente da comissão de formatura, havia sumido com os R$ 937 mil arrecadados pelos 110 alunos que haviam aderido à comemoração.

Em sua página no Instagram, a comissão declarou que está “reestruturando todo o projeto e pensando em saídas para viabilizar a realização da festa” e que fará “uso das redes sociais para buscar parcerias que possam auxiliar a tirar esse sonho do papel”.

Nos comentários dessa e de outra postagem sobre o assunto, pelo menos três fornecedores de serviços relacionados a festas comentaram que enviariam uma mensagem privada para a comissão, indicando possível parceria: uma empresa de doces, uma de fotografia e um celebrante de eventos.

DESVIO BANCOU ALUGUÉIS DE CARRO E CASA
A estudante Alicia Dudy Muller Veiga admitiu, em depoimento à Polícia Civil nesta quinta-feira (19), ter sacado o dinheiro da turma e relatou ter usado parte dele para pagar despesas pessoais como aluguéis de imóvel e de carro e um iPad.

A estudante reforçou aos policiais a versão dada a colegas de que teria investido parte do dinheiro em aplicações financeiras e tido prejuízo. Segundo a delegada Zuleika Gonzalez Araújo, do 16º DP (Vila Clementino), a jovem foi indiciada por apropriação indébita, crime com pena máxima de quatro anos de reclusão e multa. Ela responderá em liberdade.

De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o dinheiro foi usado por Alicia para pagar, por exemplo, cinco parcelas de aluguel de um apartamento no valor de R$ 3,7 mil mensais e dez parcelas de locação de um carro, que saía a R$ 2 mil mensais. Somente essas duas despesas totalizam mais de R$ 38 mil.

O depoimento durou cerca de quatro horas, período em que Alicia contou aos policiais que, em um primeiro momento, teria sacado o dinheiro da empresa Às Formaturas – contratada pelos estudantes para organizar a arrecadação – por desconfiar da gestão que estava sendo feita pela companhia.

O primeiro saque, realizado ainda em 2021, foi no valor de R$ 604 mil. Com o dinheiro em mãos, Alicia pensou que poderia investi-lo, teve prejuízo e, no desespero de recuperar a quantia, passou a fazer apostas em casas lotéricas.

– Ela foi aplicando em ações e começou a obter prejuízo. Quando acumulou R$ 50 mil em prejuízo, no desespero, ela achou que apostando na loteria, ela poderia recuperar essa perda – disse a delegada. Alicia ainda não apresentou à polícia os comprovantes das aplicações.

Alicia é investigada em outro inquérito desde julho de 2022 por estelionato e lavagem de dinheiro após ter dado um suposto golpe em uma lotérica da zona sul de São Paulo. De acordo com a Polícia Civil, a estudante teria gasto mais de R$ 400 mil em apostas no período, mas, na última data em que tentou fazer um jogo, não teria pago R$ 192 mil para a lotérica, o que fez o dono registrar a ocorrência.

A polícia investigará se a empresa Às Formaturas teve alguma responsabilidade ou negligência no repasse do dinheiro, mas, como Alicia era presidente da comissão de formatura, ela, em tese, poderia responder pela turma na ação.

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