Manaus, 05/05/2024

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A primeira multa da história dos EUA por lixo espacial

Governo americano (FCC) multou a Dish Network em US$ 150 mil (ou R$ 750 mil) — Foto: Nasa
Governo americano (FCC) multou a Dish Network em US$ 150 mil (ou R$ 750 mil) — Foto: Nasa
04/10/2023 11h00

Pela primeira vez, o governo dos EUA multou uma empresa por deixar lixo espacial orbitando em torno da Terra.

A comissão de comunicações do governo americano (FCC) multou a Dish Network em US$ 150 mil (ou R$ 750 mil) por não deslocar um satélite antigo para longe de outros satélites em uso.

A empresa admitiu responsabilidade por seu satélite EchoStar-7 e concordou com um “plano de conformidade” junto à FCC.

O lixo espacial é composto por pedaços de dispositivos que estão em órbita ao redor da Terra, mas não estão mais em uso e trazem risco de colisões.

Isso inclui elementos como satélites antigos e partes de naves espaciais.

A FCC disse que o satélite da Dish representava um risco potencial para outros satélites que orbitam a Terra.

O EchoStar-7 da Dish — lançado pela primeira vez em 2002 — estava em órbita geoestacionária, a uma altura a partir de 36 mil km da superfície da Terra.

A Dish deveria ter movido o satélite para 300 km mais longe da Terra, mas no final de sua vida, em 2022, o moveu apenas 122 km após ficar sem combustível.

À medida que as operações de satélite se tornam mais frequentes e a economia espacial acelera, precisamos ter certeza de que os operadores cumprem os seus compromissos. — Loyaan Egal, chefe do departamento de fiscalização da FCC

“Este é um acordo inovador, que deixa muito claro que a FCC tem forte autoridade de fiscalização e capacidade para fazer cumprir suas regras de vital importância sobre detritos espaciais.”

A multa de US$ 150 mil (R$ 750 mil) representa uma pequena proporção da receita geral da Dish, que foi de US$ 16,7 bilhões (R$ 86 bilhões) em 2022.

No entanto, a multa ainda pode ter impacto sobre outros operadores de satélite, de acordo com Megan Argo, professora de astrofísica na Universidade de Central Lancashire.

O fato de terem usado seus poderes de regulamentação pela primeira vez certamente fará com que o resto da indústria preste atenção. — Megan Argo, professora de astrofísica na Universidade de Central Lancashire

“Por que usar uma vez significa que provavelmente usarão novamente.”

“Quanto mais coisas tivermos em órbita, maior será o risco de colisões, gerando detritos em alta velocidade. Eles podem potencialmente atingir outros satélites, criando ainda mais detritos e potencialmente gerando uma reação em cascata”, acrescentou ela.

Estima-se que mais de 10 mil satélites tenham sido lançados no espaço desde o primeiro em 1957, sendo que mais de metade deles estão atualmente sem uso.

Segundo a Nasa, existem mais de 25 mil detritos espaciais com mais de 10 cm de comprimento.

O chefe da Nasa, Bill Nelson, disse à BBC em julho que o lixo espacial era um “grande problema”, o que fez com que a Estação Espacial Internacional fosse retirada do caminho dos destroços que passavam.

“Mesmo uma lasca de tinta vindo na direção errada à velocidade orbital, que é de 28 mil km/h, [poderia] atingir um astronauta durante uma caminhada espacial. Isso pode ser fatal”, disse ele.

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