Manaus, 02/05/2024

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“Achei que era champagne de má qualidade”, diz deputada francesa que acusa senador de drogá-la

“Achei que era champagne de má qualidade”, diz deputada francesa que acusa senador de drogá-la
22/11/2023 12h30

Uma semana após a detenção de um senador da França indiciado por drogar uma mulher em sua casa para cometer agressões sexuais, a deputada que fez as acusações falou pela primeira vez sobre o caso nesta terça-feira (21).

Sandrine Josso, deputada do partido de centro-direita MoDem, relatou, em entrevista às emissoras France 5, que sua bebida estava estranha, mas ela achava que era uma “champagne de má qualidade”.

Ela contou que o senador Joël Guerriau, da sigla de centro-direita Horizons, a incentivava a beber e ligava e desligava as luzes, o que médicos depois disseram que aceleraria o efeito da droga.

“Fui, com toda a amizade, celebrar com confiança a reeleição deste senador que conheço há dez anos”, disse a deputada.

“Eu estava na sala, ele na cozinha. Ele me serviu uma taça de champagne da cozinha, não vi a taça antes de ele servir sobre a mesa”, acrescentou.

Em seguida, a deputada afirma que deu um primeiro gole e sentiu um gosto estranho.

“Estava açucarado. Achei que talvez fosse porque eu estava cansada ou a champagne fosse de má qualidade”, afirma.

O Ministério Público de Paris afirmou, na semana passada, que Guerriau foi colocado sob custódia policial, na quarta-feira à noite (15), após ser denunciado “por administrar a uma pessoa, sem seu conhecimento, uma substância suscetível a alterar o seu discernimento ou controle das suas ações, para cometer uma violação ou agressão sexual.”

O órgão disse ainda que cumpriu uma busca na residência do senador e confirmou a presença de ecstasy em seu domicílio.

Sandrine Josso afirma que o senador insistia para que brindassem “uma segunda vez, uma terceira vez, achei isso estranho”, diz.

Minutos depois dos primeiros goles, a deputada começou a sentir palpitações, mas inicialmente pensou que se sentia mal porque estava em jejum. Ela pediu algo para comer a Guerriau, mas o mal-estar não passou.

Senador francês Joël Guerriau
Senador francês Joël Guerriau / Paul Brounais

“Ele acendia a luz com muita intensidade e depois diminuía. Não entendi. Os médicos me explicaram que era para ativar os efeitos da droga”, conta.

Deputada diz conta por que decidiu fugir

O senador então teria insistido em uma segunda taça. A deputada disse então ter visto Joël Guerriau colocar “um saco branco em uma gaveta debaixo da bancada” da cozinha.

“Eu já estava sentindo um enjoo. Quando vi a bolsa, falei para mim mesma: saia, fuja, ele te drogou”, declarou.

A deputada prossegue o relato dizendo que pediu um táxi, mas o senador ficou insistindo para que ficasse dizendo: “Fique, vamos festejar”.

“Ele me seguiu até o elevador. Ele me seguiu até o pátio. Ele me seguiu até o táxi”, disse.

“Achei que fosse morrer, primeiro de ataque cardíaco. Depois, achei que iria morrer porque ele iria abusar de mim. No elevador, eu não conseguia mais ficar de pé”, disse ao France 5.

Em entrevista à emissora francesa BFM, afiliada da CNN, na manhã desta terça-feira (21), Sandrine afirma que ao entrar no táxi avisou dois colegas que estavam na Assembleia Nacional sobre o ocorrido.

O táxi se dirigiu então à Assembleia e, quando chegaram, ela disse ao motorista que não conseguia sair do carro e perguntou se ele poderia esperar a chegada do colega. “Ele foi formidável”, completou.

A deputada deu entrada no hospital Lariboisière e, depois de passar por exames, os resultados mostraram que ela havia ingerido ecstasy.

Senador nega acusações

O senador Joël Guerriau, de 66 anos, pertencia ao partido de centro-direita Horizons, do ex-primeiro-ministro Edouard Philippe, que faz parte da maioria presidencial.

Mas o gabinete político de Horizons decidiu no sábado (18) por unanimidade suspender o senador da sigla.

Após ser detido na quarta-feira (15), o Ministério Público de Paris anunciou, na sexta-feira (17), que o senador foi indiciado e colocado sob supervisão judicial com a proibição de “ir à casa da vítima” e de “entrar em contato com as vítimas e testemunhas”.

Durante um interrogatório de quase duas horas na sexta-feira (17), na 3ª Delegacia de Polícia Judiciária de Paris, Joël Guerriau negou as acusações de Sandrine Josso.

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