Manaus, 02/05/2024

Brasil

Alheios a protestos, indígenas aguardam STF decidir sobre marco temporal

Crédito da Imagem: BW Press
Crédito da Imagem: BW Press
08/09/2021 16h05

De um lado, milhares de simpatizantes bolsonaristas, vestidos de verde e amarelo, com uma defesa apaixonada do presidente da República e mensagens antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal (STF). De outro, em um número infinitamente menor, militantes esquerdistas com ataques ao chefe do Executivo e em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No meio de tudo isso, cerca de 2 mil lideranças indígenas acampadas no coração da capital, aguardando com ansiedade a conclusão do julgamento sobre o marco temporal no STF. No dia em que Brasília foi palco de acalorados protestos que miravam sobretudo a Suprema Corte, os povos indígenas que se deslocaram até a capital ficaram no seu acampamento, não engrossando o coro do Grito dos Excluídos. E muito menos os atos a favor de Bolsonaro.

“O governo tenta nos pintar com o vermelho da esquerda. Quando o nosso inimigo é o mesmo, em certos momentos não tem como a luta ser diferente. Mas com as ruas tomadas pela violência, participar do protesto seria colocar os corpos indígenas numa situação de maior vulnerabilidade”, diz a VEJA Célia Xakriabá, uma das organizadoras da Marcha das Mulheres Indígenas. “Nunca comemoramos essa falsa independência, essa falsa liberdade. Nós, mulheres indígenas, sofremos o primeiro golpe há 521 anos.”

A manifestação de esquerda, que contou com a mobilização de partidos de esquerda, centrais sindicais e representantes do movimento LGBTQIA+, também foi desfalcada de lideranças do Partido dos Trabalhadores. Por conta do acirramento de ânimos na capital, policiais militares decidiram reforçar a segurança no entorno do acampamento.

Enquanto Bolsonaro sobrevoava a Esplanada dos Ministérios de helicóptero e militantes esquerdistas pediam a condenação do presidente por genocídio, os mais de 2.000 indígenas permaneciam no acampamento, em sua programação particular, que inclui rodas de conversa e a realização de grupos de trabalho. Nesta quarta-feira, as atenções se voltam para eles e a retomada do julgamento do STF sobre o marco temporal, discussão no que pode mudar o entendimento sobre a demarcação de terras indígenas. “A nossa real independência é a demarcação de terras indígenas”, afirma Célia.

Fonte: Rafael Moraes Moura /VEJA

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