Manaus, 27/04/2024

Amazonas

Amazonas fecha 2023 com quase 20 mil queimadas; o segundo pior ano desde 1998

Foto: Michael Dantas/AFP
Foto: Michael Dantas/AFP
26/12/2023 13h00

O Amazonas fechou o ano de 2023 com quase 20 mil queimadas, segundo levantamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com a instituição, até novembro, o estado contabilizou 19.580 focos de calor.

Com isso, o ano de 2023 já é o segundo pior em relação às queimadas no Amazonas desde 1998, quando o Inpe começou a fazer o monitoramento. O ano que mais registrou queimadas no estado foi 2022. Naquela ocasião, o órgão identificou 21 mil focos de calor.

Em nota, o Governo do Amazonas disse que vem atuando, desde março deste ano, nos municípios do Sul do estado e da Região Metropolitana da capital, para combater os focos de incêndio, e segue atuando em ações de combate e fiscalização. O estado também disse que lançou, na 28ª Conferência das Partes (COP 28), o programa Amazonas 2030, com compromissos para a redução das queimadas ilegais.

Outro problema que também atingiu o Amazonas durante o ano foi a seca dos rios. Todos os municípios do estado entraram em situação de emergência e, segundo a Defesa Civil, mais de 600 mil pessoas foram atingidas pela estiagem severa.

Manaus, inclusive, registrou a pior vazante do Rio Negro em mais de 120 anos. O problema isolou comunidades rurais, fechou escolas e impactou no escoamento da produção do Polo Industrial de Manaus.

Neste ano, só entre os meses de agosto, setembro e outubro, foram mais de 16 mil queimadas no estado. Outubro, inclusive, foi o pior mês dos últimos 25 anos, com quase 4 mil.

Amazonas contrata brigadistas para reforçar combate às queimadas. — Foto: Divulgação/SECOM
Amazonas contrata brigadistas para reforçar combate às queimadas. — Foto: Divulgação/SECOM

A situação levou o Governo do Amazonas a decretar situação de emergência em todo o estado. Agentes da Força Nacional também foram enviados pelo Governo Federal para tentar conter o avanço do fogo no estado.

Dos 10 municípios que mais queimaram a Amazônia Legal durante o ano, até novembro, três são do Amazonas. Lábrea, contabiliza quase 2,5 mil focos de calor; Apuí, 2 mil; e Novo Aripuanã, 1,7 mil.

Os municípios estão localizados no Sul do estado, conhecido como “arco do fogo”, devido a forte presença da agropecuária.

Manaus encoberta pela fumaça

As queimadas também fizeram uma “onda” de fumaça atingir Manaus e outros municípios do estado durante os meses de outubro e novembro. Com isso, a qualidade do ar chegou a ser considerada péssima nas cidades.

Queimadas também fizeram uma "onda" de fumaça atingir Manaus e outros municípios do estado. — Foto: SANDRO PEREIRA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Queimadas também fizeram uma “onda” de fumaça atingir Manaus e outros municípios do estado. — Foto: SANDRO PEREIRA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Durante a primeira vez que o fenômeno ocorreu, em outubro deste ano, o Ibama disse que o problema era causado pelas queimadas promovidas por agropecuaristas na região metropolitana da capital.

Depois, o governo do estado disse que a nuvem vinha das queimadas ocorridas no estado do Pará, que não tinha a confirmação de que a fumaça que encobria a capital do Amazonas era proveniente do estado.

O Amazonas afirmou ainda que, com a baixa precipitação, causada pelo El Niño, a massa de calor sobre Manaus continuaria a interferir na qualidade do ar da cidade, uma vez que partículas de fumaça encontram dificuldades em se dispersar nessas condições.

Nota do Governo do Amazonas

O Governo do Amazonas informa que, desde março de 2023, vem atuando nos municípios do Sul do Amazonas e Região Metropolitana de Manaus, no combate aos focos de incêndio e desmatamento ilegal, e segue atuando em ações de combate e fiscalização. Além da Operação Tamoiotatá, estão em atuação as Operações Aceiro e Céu Limpo.

Todas as ações de campo seguem dados de monitoramento via satélite, que são analisados e disponibilizados diariamente por técnicos da Sema e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) na Sala de Situação da Sema, em Manaus. Equipes de diversos órgãos ambientais e de segurança fortalecem a força-tarefa em campo.

Vale reforçar que o Ipaam conta, desde novembro de 2021, com o Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas, que possui tecnologia de ponta com uso de imagens de satélites. O centro reforçou os trabalhos de fiscalização e monitoramento de desmatamento e queimadas ilegais e deu agilidade aos processos de licenciamento e vistorias ambientais no Amazonas.

Em relação ao combate a queimadas, entre 12 de julho e 23 de novembro, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) combateu 2.894 incêndios no estado, sendo 811 na capital e 2.083 no interior. No combate, foram empregados mais de 490 agentes, entre bombeiros, brigadistas municipais e combatentes da Força Nacional.

Foram destinados R$1,1 milhão para remunerar a atuação de 153 brigadistas em nove municípios, para reforçar o combate a focos de queimadas no interior do Amazonas, em uma cooperação entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Também foram disponibilizados, ao todo, 289 brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), para reforçar as ações no Amazonas.

Por meio do Corpo de Bombeiros, o Estado apresentou, no dia 8 de novembro, o plano de implantação do Grupamento Integrado de Combate a Incêndio e Proteção Civil (GCIP), com instalação de unidades operacionais em municípios do interior, com maiores índices de focos de incêndio. A implantação do GCIP tem como base a lei federal n° 13.425, de 30 de março de 2017, que prevê a criação de serviços de prevenção de combate a incêndios e atendimento de emergências em municípios onde não há postos do Corpo de Bombeiros.

Em novembro, o Amazonas lançou, na 28ª Conferência das Partes (COP 28), o programa Amazonas 2030, com compromissos para a redução do desmatamento, das queimadas ilegais e da diminuição de emissões provenientes da degradação florestal. O Estado já investiu, ao longo dos últimos cinco anos, mais de R$ 1,2 bilhão em ações que garantam resultados compatíveis com a proposta da Organização das Nações Unidas (ONU).

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