10/07/2022 16h30
O guarda municipal Marcelo Arruda, um dos líderes do Partido dos Trabalhadores em Foz do Iguaçu (PR), foi morto a tiros na madrugada de domingo (10), na sua festa de aniversário de 50 anos, cujo tema era o partido e o ex-presidente Lula.
O autor dos disparos, o agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, invadiu a festa, que ocorria em um clube, pouco depois de passar de carro ameaçando os presentes. Segundo testemunhas, nesse primeiro momento ele mostrou estar incomodado com a decoração temática da festa e gritou palavras de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) com uma arma em punho. Guaranho estava acompanhado de uma mulher e um bebê, que tentaram dissuadi-lo.
Após a primeira confusão, as testemunhas afirmam que Arruda, que é guarda municipal, foi buscar sua arma no carro. Quando Guaranho voltou, encontrou a vítima armada. Segundo relatos, Guaranho acertou Arruda primeiro, que revidou. Arruda morreu e Guaranho está no hospital em estado grave. Segundo a Polícia Civil de Foz de Iguaçu, o crime foi resultado de uma “discussão”. A delegada Iane Cardoso, responsável pelo caso, dará uma entrevista às 16h.
Arruda era tesoureiro local do PT e foi candidato a vice-prefeito da cidade em 2020. Ele deixa a mulher e quatro filhos, um deles bebê.
O partido repercutiu o caso. “Mais um querido companheiro se foi nessa madrugada, vítima da intolerância, do ódio e da violência política”. A nota diz ainda que “desde o começo do ano, quando lançou uma Campanha Nacional contra a Violência Política, o PT vem alertando a sociedade brasileira e as autoridades dos vários Poderes da República para a escalada de perseguição a parlamentares, filiados e filiadas, militantes de movimentos sociais e de outros partidos de esquerda e o crescimento da violência política no país”.
No Twitter, o ex-presidente Lula se pronunciou sobre o caso. “Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda”, escreveu Lula.
O ex-presidente e pré-candidato à Presidência pediu “compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável”.
Além de Lula, políticos de vários espectros de manifestaram. Ciro Gomes (PDT) chamou o fato de “tragédia humana e política”, e disse que o ódio precisa ser contido no Brasil para evitar novas tragédias. O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) disse que é preciso “repudiar toda e qualquer motivação política e eleitoral.” O presidente Jair Bolsonaro não se manifestou.