Manaus, 26/04/2024

Brasil

Brasil tem maior taxa de emissão de gases do efeito estufa dos últimos 19 anos

Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
01/11/2022 15h50

As emissões de gases do efeito estufa no Brasil atingiram maior alta dos últimos 19 anos. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (1), pelo Observatório do Clima, uma rede que reúne 77 organizações da sociedade civil dedicada a discutir mudanças climáticas no Brasil. Os dados fazem parte da 10a edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG).

O Brasil emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 em 2021, de acordo com o levantamento, lançado a cinco dias da COP27, a Conferência do Clima que acontecerá em Sharm el-Sheikh, no Egito. O dado representa um aumento de pouco mais de 12% em relação a quantia registrada em 2020. Dezenove anos atrás, em 2003, o brasil bateu 3,02 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico.

O SEEG divulga as emissões totais entre cinco tipos de emissão: resíduos, processos industriais, energia, agropecuária e mudanças de uso das terras e florestas (MUT). O último setor, que engloba desmatamento, calagem (tratamento de solo para usos agrícola), e a queima de resíduos florestais, aumentou 18,5%, em relação ao ano anterior e representa 49% de todas as emissões do país. Em 2021, o desmatamento da Amazônia respondeu por 77% das emissões por mudanças de uso da terra (MUT). Em 2021, as emissões por MUT aumentaram 18,5% em relação ao ano anterior.

Tanto em 2003 quanto em 2021, o desmatamento foram as principais responsáveis pela elevação das emissões. Dados do sistema Prodes, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostram que em 2003, o desmatamento na Amazônia chegou a 25,4 mil Km2, terceiro pior resultado desde 1988. Já em 2021, taxa foi de 13 mil Km2. Apesar de o número absoluto ser menor, o desmatamento registrado no ano passado vem sofrendo aumentos consecutivos nos últimos quatro anos.

Aumentos na emissão de gases em outros setores

Apesar de o setor de mudança do uso da terra ter sido o que mais impactou a alta na emissão de gases do efeito estufa no Brasil, quase todas as outras áreas avaliadas no SEEG também apresentaram altas, como agropecuária (+3,8%), processos industriais e uso de produtos (+8,2%) e energia (12,2%). O setor de resíduos, foi o único que se manteve estável entre 2021 e 2022, principalmente por causa do metano recuperado em aterros sanitários.

No caso da energia, o alta se deve a diferentes fatores, como a retomada da economia após o período mais grave da pandemia da Covid-19, quando o consumo era menor. Além disso, houve a crise hídrica de 2021, que secou hidrelétricas e forçou o acionamento de termelétricas, o que reduz a parte das energias renováveis utilizadas no Brasil. A seca também fez com que houvesse uma queda na safra da cana no Sudeste, o que aumentou o preço do etanol e reduziu a participação dos biocombustíveis na matriz energética.

Já no caso da agropecuária, a principal fonte de emissão vem de arrotos de bois e vacas. De acordo com um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2021, o Brasil chegou a ter 224,6 milhões de cabeças. O número é o maior da série histórica.

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