Manaus, 02/05/2024

Amazonas

COLEÇÃO ‘REFLEXIVIDADES INDÍGENAS’ ESCRITA POR ALUNOS YEPAMAHSÃ (TUKANO) É LANÇADO EM MANAUS

Autores: Gabriel Sodré Maia, João Rivelino Rezende, Dagoberto Lima Azevedo e João Paulo Lima Barreto, (Foto: Alonso Jr.)
Autores: Gabriel Sodré Maia, João Rivelino Rezende, Dagoberto Lima Azevedo e João Paulo Lima Barreto, (Foto: Alonso Jr.)
28/06/2019 08h00

Foi na língua Tukano que a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por meio do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (Neai), deu Autor João Paulo Lima Barreto e o senhor Ovídio Lemos Barreto boas-vindas aos presentes no lançamento da coleção ‘Reflexividades Indígenas’, escrita por mestres do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/Ufam). A coleção é composta por quatro publicações frutos das respectivas dissertações dos alunos Dagoberto Lima Azevedo, Gabriel Sodré Maia, João Paulo Lima Barreto e João Rivelino Rezende. Os pesquisadores foram responsáveis por contribuírem com a construção de uma epistemologia Yepamahsã(Tukano) ao sistematizar conceitos, concepções e práticas desse povo que reside no Alto Rio Negro.

De acordo com João Paulo Lima Barreto, autor do livro ‘Waimahsã: peixes e humanos’, a coleção é um passo para mostrar como os povos indígenas entendem, organizam, pensam, agem e se relacionam com a sociedade e os ambientes. “No campo da Antropologia vem se discutindo questões de simetrias. Queremos propor um diálogo simétrico, de igual para igual. Todo o conjunto de informações, conceitos e experiências do nosso povo, agora, estão adentrando a Universidade e eles também formam um sistema. Sempre fomos colocados como povos distintos e com um olhar diferente da realidade. Muitas vezes, esse olhar foi traduzido a partir dos conceitos ocidentais, por exemplo, as mitologias, benzimentos ou rituais. Essas são palavras e jargões ocidentais e o que propomos é trazer os nossos conceitos para dentro da Universidade”, enfatiza.

Coleção ‘Reflexividades Indígenas’

A publicação ‘Agenciamento do mundo pelos Kumuã Ye’pamahsã: O conjunto de bahseses na organização do espaço Di’ta Nuhku‘ de Dagoberto Lima Azevedo trata da concepção do espaço terra-floresta. O autor volta-se para a forma singular de selecionar plantas, animais, seres visíveis e invisíveis, tipos de solo, etc. Dagoberto Lima é Tukano do sib Nãhuriporã, nascido e criado na comunidade Mahawi’i Tuhkuro(Pirarara – Poço), Rio Tiquié, terra indígena do Alto do Rio Negro.

O livro ‘Formação e transformação de coletivos indígenas do noroeste amazônico: do mito à sociologia das comunidades’, de autoria de João Rivelino Rezende Barreto, aborda o sistema hierárquico na organização social do alto do Rio Negro, com foco nos Tukano orientais e a partir do que informam os Yupuri Bubera Porá. O autor é nascido em São Domingos Sávio (AM) e trabalha, atualmente, como professor no curso de Pedagogia na Faculdade Salesiana Dom Bosco.

Já o título “Bahsamori: o tempo, as estações e as etiquetas sociais dos Ye’pamahsã”, escrito por Gabriel Sodré Maia, diz respeito ao conjunto dos grandes rituais e as cerimônias associados a um calendário anual, baseada na dinâmica das constelações. Gabriel Sodré pertence ao grupo Yeparã Oyéporãdos líderes Yepamahsã(Tukano).

Por fim, João Paulo Lima Barreto é autor do livro Waimahsã: peixes e humanos que propõe uma reflexão sobre o conjunto de narrativas míticas que incluem os feitos e as tramas vivenciadas pelos responsáveis pela organização do mundo, dos seres e das coisas. João Paulo Lima é nascido na aldeia São Domingos, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), Idealizador do Centro de Medicina Indígena e aluno de doutorado do PPGAS/Ufam.

Mais lançamentos

Além da coleção ‘Reflexividades Indígenas’ foram lançados mais três livros com a temática. O primeiro foi ‘Omerõ: Construção e circulação de conhecimentos Yepamahsã’,escrito pelos autores Gilton Mendes dos Santos, Carlos Machado Dias Jr., Ernesto Belo, Lorena França, Dagoberto Lima Azevedo, Gabriel Sodré Maia, João Paulo Lima Barreto e João Rivelino Rezende. A publicação é uma síntese do conhecimento Tukano, a partir do tripé conceitual Kihti – Bahsesé – Bahsamori.

De acordo com um dos autores, Ernesto Belo, o título é resultado de um esforço coletivo. “Destaco como diferencial da publicação, não somente o riquíssimo conteúdo presente, mas também a construção coletiva. É raro encontrar um material feito por tantas mãos e que oferece uma chave de leitura da cosmopolítica Tukano, a partir do tripé conceitual e sem pretensão de esgotar o seu complexo sistema de conhecimento”, destaca.

Os outros dois livros tratamde pesquisas etnográficas realizadas no Médio Purus. O título ‘Música na Floresta’ foi organizado por Mário Rique Fernandes e outro intitulado ‘Os Grafismos Paumari’, organizado pela pesquisadora Angélica Maia Vieira.

Os sete livros fazem parte do ‘Projeto Rios e Redes na Amazônia Indígena’, vinculado ao NEAI, desenvolvido entre 2013 e 2016. Essa é uma parceria entre a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e a empresa Natura Cosméticos. Os livros estão à venda na Livraria Universitária do Amazonas (LUA), no Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI), Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/Ufam) e no Centro de Medicina Indígena Bahserikowi.

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