Manaus, 28/04/2024

Brasil

COM CASCA OU SEM CASCA? RAZÕES PARA NUNCA MAIS DEIXAR DE APROVEITAR OS ALIMENTOS

Reaproveitamento de casca de frutas e legumes Foto da Matthew Henry do Burst
Reaproveitamento de casca de frutas e legumes Foto da Matthew Henry do Burst
20/10/2019 15h00

Já é automático na hora de cozinhar: descasca, corta o talo, retira as sementes. Parece que esse hábito representa o ritual de higienização e preparo dos alimentos. Normalmente, essas partes não parecem ter alguma função ou sabor, e raramente são servidas à mesa.

Mas não se engane pelas aparências! Quase tudo que é descartado no pré-preparo das refeições não só pode ser aproveitado nas receitas, como também apresenta tantos nutrientes quanto as partes consideradas convencionais.

Segundo o livro “Na cozinha com frutas, legumes e verduras”, elaborado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), consumir integralmente um determinado alimento representa o aproveitamento dele como um todo, sem desprezar nada. Ou seja: está liberado comer da semente até o talo.

Mas o que eu ganho com isso?

Provavelmente você está se perguntando quais são as reais vantagens disso, e os especialistas respondem: as cascas, os talos e até as sementes concentram grandes quantidades de vitaminas, minerais, fibras e nutrientes essenciais para a saúde e para a prevenção de doenças.

No caso das fibras, elas são superimportantes para o funcionamento de todo o trato gastrointestinal, que são os órgãos que compõem o sistema digestivo. Faz sentido agora ter ouvido durante tanto tempo que era importante tomar suco sem coar?

Essa mudança de hábito ainda faz bem para o planeta, pois não deixa de ser uma forma barata e eficiente de reduzir o lixo produzido diariamente. A conclusão final de tudo isso é que todo mundo sai ganhando!

Afinal, quem são as cascas, os talos e as sementes na tabela nutricional?

Em entrevista ao Saúde Brasil, a nutricionista do Ministério da Saúde, Nadia Amore, explica que as cascas e sementes, em geral, são grandes fontes de fibra e costumam conter os mesmos nutrientes que o alimento em si.

Ela afirma que a casca de banana, por exemplo, contém triptofano, que é parte componente do hormônio serotonina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar. Já a casca e semente da melancia fornecem licopeno, que está associado à prevenção do câncer de próstata.

A casca e o bagaço da laranja são fontes de vitamina C, um poderoso antioxidante. Enquanto que a casca do abacaxi, além das fibras e da vitamina C, contém a enzina bromelina, que auxilia a digestão de proteínas. Deu para perceber que aquele abacaxi assado não é servido à toa nos churrascos, né?!

Nadia complementa ainda que a casca da abóbora contém betacaroteno, antioxidante que reduz o risco para doenças cardiovasculares e câncer. Já as sementes contêm zinco, magnésio, potássio, ferro e outros nutrientes, que em alguns estudos têm sido associados à proteção da próstata, alívio dos sintomas da menopausa e diminuição da ansiedade e insônia.

E que tal uma batata rústica? A casca de batata inglesa contém fibras, potássio, ferro, zinco e vitamina C, sendo estes dois últimos relacionados ao bom funcionamento do sistema imunológico.

Por fim, a nutricionista comenta que os talos de hortaliças como couve, brócolis e agrião são ricos em fibras, vitaminas e minerais, em especial cálcio e magnésio, associados à boa manutenção de ossos e dentes.

Quando um alimento não pode ser reaproveitado?

Se ele estiver com aparência de podre ou sinal de mofo, pode jogar no lixo sem medo. O consumo nesse caso pode ser bastante perigoso, já que existe o risco de contaminação. Além disso, o consumo de cascas e talos requer uma higienização caprichada para redução de sujeiras e pesticidas. Sempre que for possível, prefira produtos orgânicos.

Outra situação que merece atenção é em relação a toxidade dos alimentos. A mandioca-brava, por exemplo, apresenta alto teor de ácido cianídrico, que é tóxico e a torna inadequada para o consumo humano sem o devido processamento em altas temperaturas, conforme ensina Nadia.

Já as sementes de maçã são tóxicas quando ingeridas em grandes quantidades. Nadia lembra que, quando mastigadas, elas dão origem a um composto tóxico chamado cianeto. Porém, a ingestão ocasional de algumas sementes não causa danos ao organismo.

Já em relação ao espinafre e aos feijões, ela reforça que eles não devem ser consumidos na forma crua. Isso porque, quando crus, esses alimentos contêm compostos antinutricionais, que não são tóxicos ao nosso organismo, mas impedem a absorção de alguns nutrientes.

*Com as informações do Ministério da Saúde 

COMENTÁRIOS

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.