Manaus, 26/04/2024

Amazonas

Desabamentos de pontes no Amazonas afetam 100 mil pessoas e cidades podem ficar sem energia elétrica, diz governo

Ponte sobre o Rio Curuçá e ponte Autaz Mirim, no Amazonas, desabaram — Foto: Wiliam Duarte/Rede Amazônica
Ponte sobre o Rio Curuçá e ponte Autaz Mirim, no Amazonas, desabaram — Foto: Wiliam Duarte/Rede Amazônica
10/10/2022 15h50

O Governo do Amazonas decretou situação de emergência em três cidades do Estado após a queda de duas pontes na BR-319. De acordo com o governador, há desabastecimento de alimento, remédio e combustíveis. Também há risco das cidades ficarem sem energia elétrica. Cerca de 100 mil pessoas estão sendo afetadas após desabamentos.

O decreto de emergência abrange Careiro da Várzea, Careiro – conhecido como Careiro Castanho – e Manaquiri.

As duas pontes desabaram em um intervalo de menos de duas semanas. Elas integram a rodovia federal, que é a única conexão por terra de parte do estado com outras regiões do país.

A interdição da BR-319 também afeta diretamente Roraima, já que a rodovia se liga à BR-174, única ligação do estado roraimense ao restante do país por via terrestre.

O anúncio do decreto de emergência foi feito pelo governador do Amazonas na manhã desta segunda-feira, durante coletiva de imprensa. Entre os pontos destacados, estão o risco de que cidades fiquem sem energia com o desabastecimento. No Amazonas, algumas localidades recebem energia de termelétricas, que dependem de combustíveis para funcionar.

“Temos ali a questão do escoamento da produção, desabastecimento de alimento, de remédio, de combustíveis. É importante a questão do combustível, porque esse combustível é que faz funcionar as térmicas. Então, há um risco de que em algum momento isso aconteça, e a gente espera que isso não aconteça, de que alguns desses municípios possam ficar sem energia elétrica”, afirmou Wilson Lima.

No Amazonas, algumas localidades recebem energia de termelétricas, que dependem de combustíveis para funcionar.

O governador afirmou que aproximadamente 104 mil pessoas estão sendo afetadas nas regiões próximas às pontes, o que equivale a aproximadamente 2% da população do estado.

Depois da queda da primeira ponte, em 28 de setembro, o governo estadual afirmou que uma ponte metálica substituiria a antiga estrutura. As obras começariam no último fim de semana, mas não foram feitas. De acordo com o governador, está prevista uma reunião em Brasília, nesta segunda-feira, com a participação dele e do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, para a cobrança de medidas.

Desabamento compromete transporte e abastecimento no AM e RR

Com trechos da BR-319 interditados, o transporte terrestre em Roraima e em parte do Amazonas está comprometido. A situação já prejudica o transporte de cargas, comprometendo o abastecimento de alimentos perecíveis, como carne e peixes, e de outros produtos.

Isolados por terra, Roraima e Amazonas dependem da rodovia federal para acessar outras regiões do país fora do eixo Norte. Entenda como é feita essa ligação e o papel das demais rodovias federais que cortam o Amazonas.

A BR-319 está interditada há 13 dias, desde que a ponte sobre o Rio Curuçá desabou, deixando quatro mortos, 14 feridos e, pelo menos, um desaparecido. Bombeiros do Amazonas chegaram a retirar dez veículos da água, incluindo um rolo compressor e uma carreta.

Menos de duas semanas depois, a ponte Autaz Mirim também desabou na BR-319. A estrutura desmoronou poucas horas após ser interditada. Segundo o Governo do Amazonas, não houve feridos.

Histórico de problemas

Criada durante a Ditadura Militar, a BR-319 surgiu com a proposta de integrar o Amazonas ao resto do país, mas sofre há décadas com falta de estrutura para tráfego. Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro prometeu asfaltá-la.

Passado mais de três anos e meio desde que o presidente assumiu o cargo, a promessa de asfaltamento da BR-319 ainda não saiu do papel.

Grande parte da rodovia segue imprópria para o trânsito de veículos em meio a impasses ambientais e burocráticos. São cerca de 900 quilômetros que separam Manaus de Porto Velho (RO), uma distância que poderia ser percorrida em 12 horas de carro. A recuperação da área está estimada em R$ 1,4 bilhão.

A rodovia possui diversos trechos danificados e não tem pavimentação em quase toda a sua extensão, o que provoca atoleiros no período chuvoso. Já no período de estiagem, os motoristas reclamam de outros problemas: buracos e poeira.

Durante a crise de oxigênio, por exemplo, quando os hospitais de Manaus ficaram sem oxigênio por conta de um novo surto de Covid-19, um comboio que levava oxigênio para a capital do Amazonas pela BR-319 enfrentou dificuldades no trajeto. Os veículos, que deveriam cruzar 800 km em 36 horas, levaram mais de cinco dias na estrada e chegaram a Manaus com atraso, por conta de atoleiros.

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