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MENTIRA EXAGERADA PODE SER SINAL DE DISTÚRBIO DE PERSONALIDADE

MENTIRA EXAGERADA PODE SER SINAL DE DISTÚRBIO DE PERSONALIDADE
06/04/2019 19h00

Seja para dizer que está chegando no compromisso quando ainda nem saiu de casa, ou que gostou da comida só para agradar quem cozinhou, todos nós, seres humanos, já mentimos ao menos uma vez na vida. Acontece que de uns tempos para cá é comemorado o Dia da Mentira, no 1º de abril. Mas afinal, até quando uma mentirinha pode ser saudável?

Segundo a psicóloga Danielle Azevedo, do Hapvida, é preciso estar atento ao cotidiano das pessoas que mentem porque a mentira em nível elevado passa a ser uma doença conhecida como mitomania, que nada mais é que um distúrbio de personalidade.

“A mitomania ocorre quando o paciente mente compulsivamente com o objetivo de se beneficiar ou prejudicar as pessoas. Quem sofre deste distúrbio tem grandes dificuldades de se relacionar socialmente e não demonstram constrangimento quando as mentiras são descobertas. Além disso acreditam na própria mentira, tornando difícil a realização do tratamento em consultório”, disse.

Por mais que em alguns casos o hábito de mentir possa prejudicar tanto o mentiroso quando pessoas ao seu redor, a psicóloga explica que é possível diminuir o número de vezes em que se conta uma mentira. “Em casos de mitomania há uma dificuldade muito grande de reverter o quadro. Porém, é possível que haja uma diminuição com o tratamento psicoterápico, uso de psicotrópicos em conjunto com a psiquiatria. Por se tratar de um distúrbio de personalidade, o paciente precisa ter um acompanhamento multidisciplinar, pois é uma patologia que não tem cura. Em casos de mitomania, o paciente precisa aprender a conviver com a doença e ser o responsável pelo controle da patologia”, ressalta.

Já a psicóloga Joyce Pontes, também do Hapvida, um indivíduo começa a mentir por volta dos 5 anos, fase em que a criança não consegue ainda distinguir totalmente a realidade da fantasia, tendo assim, certa dificuldade em diferenciar o que é verdade ou não. “Muitas vezes, os pais têm o hábito de mentir e a criança acaba observando e reproduzindo aquele comportamento, que passa a ser natural. Em alguns casos, a criança utiliza a mentira como uma autopreservação, onde ela mente para se proteger, como por exemplo, ela quebra algo que sabe que os pais gostam muito e para não ser castigada ela mente, mas a intenção dela é de defesa, não de fazer o mal”, explica Joyce.

Em alguns casos, a criança pode conviver em um lar violento, conflituoso, com pais ausentes, então ela cria seu próprio mundo e mente para as pessoas na tentativa de suportar aquela realidade. Quando isso ocorrer, o ideal é não acusar a criança de mentirosa ou de algo ofensivo, para que o emocional dela não seja afetado, mas questionar e tentar entender a real razão da criança ter contado uma mentira e intervir mostrando e alertando sobre os riscos e consequências que a mentira pode causar de acordo com a situação.

“A mentira quando é contada pelo indivíduo e vem acompanhada de más intenções ou até mesmo para ganho pessoal, conhecida como a ‘mentira dolosa’, pode acabar prejudicando não só outras pessoas, mas a si próprio, pois a pessoa que contou a mentira pode acabar perdendo a credibilidade, a confiança e, consequentemente, a vida social pode acabar sendo afetada”, finaliza Joyce.

 

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