O projeto Reeducar realizou nesta segunda-feira (26) uma cerimônia de entrega de diplomas de conclusão de curso para 89 egressos provisórios do sistema prisional, oriundos de Varas ou Juizados Criminais do Poder Judiciário do Amazonas. O evento aconteceu na manhã dessa segunda-feira (26), no auditório do Fórum Ministro Henoch Reis, Aleixo, zona Centro-Sul de Manaus.

Entre os reeducando estava Robson, 26, que se envolveu um roubo, levou dois tiros, passou um período preso e encontra-se em liberdade provisória respondendo ao processo. Para ele, fazer o curso oferecido pelo Projeto Reeducar e parceiros foi um grande incentivo de melhora pessoal e a chance de uma nova vida.

“A gente passa a ver as coisas de modo diferente. Antes, pensa que não pode fazer, que não é capaz. Mas aí veio a oportunidade de estudar e ter uma profissão, a gente percebe que pode fazer, que se correr atrás a gente consegue”, explica o reeducando. Ele entendeu que o perfil pessoal conta na escolha da vida profissional. “Busquei trabalhar com o que gosto e sei fazer, sei conversar com as pessoas e tenho uma família para sustentar. Deus já me livrou e pretendo fazer outros cursos para melhorar minha qualificação”, conta o reeducando, que recebeu o certificado de atendente de lanchonete e ainda quer fazer curso de ferramenteiro e outros que forem oferecidos.

Um total de 1.820 reeducandos foram cadastrados no projeto até novembro de 2018, destes, 777 foram encaminhados para cursos de qualificação nas entidades parceiras e 701 finalizaram os cursos a que se propuseram, recebendo diplomas do Cetam, Senai, Senac e Semtrad.

Do total de 701, 89 fizeram curso no espaço do próprio Projeto Reeducar, localizado no primeiro andar do Fórum Henoch Reis, no Aleixo, zona Centro-Sul de Manaus. Desde a criação do projeto, passaram pelo Reeducar 12.470 pessoas, reintegradas à sociedade por meio de cursos, destes, 374 voltaram a cometer delitos, resultando em apenas 3% de reincidência.

A idealizadora do Reeducar, juíza Eulinete Tribuzy, se declarou feliz com a entrega de diplomas a mais um grupo de concludentes do projeto. “É a concretização da oportunidade oferecida pelo projeto Reeducar àqueles que se consideram já reincluídos na sociedade em razão de terem sido excluídos através da prisão e agora retornam como cidadãos com oportunidade de exercer uma profissão, um trabalho digno e honesto ou estudo. Isso o Projeto Reeducar pode hoje oferecer e é uma grande alegria para todos nós para as parcerias que nos auxiliam ter esse resultado, demonstrando a felicidade de cada um reeducando que foi agraciado com essa oportunidade recebendo diplomas dos cursos que eles fizeram na própria sala do projeto aqui no Forum Henoch Reis”, declarou a magistrada.

Segundo o diretor institucional do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) e um dos parceiros do projeto, Carlos Dias, é necessário se colocar no lugar do outro e dar oportunidades para um futuro melhor. “Para nós e uma grande alegria participar desse projeto. Todos nós estamos sujeitos, de alguma forma, a cometer erros. Essas pessoas estão tendo uma oportunidade de se corrigir e aproveitar a liberdade para sair com uma profissão e ser incluídos novamente na sociedade. É uma alegria para o Cetam participar, estaremos sempre à disposição desse tipo de iniciativa”, afirmou Dias.

No evento dessa manhã, além da equipe do Reeducar, coordenado pela juíza Eulinete Tribuzy e orientado pela psicóloga Nádia Teles, estiveram presentes a coordenadora do Cetam, Regiomara Lasmar; a psicóloga Tatiane Cardoso, que representou o diretor regional do Senai, Rogério Azevedo Pereira; Tânia Melo, gerente do Senac da Cidade Nova, representando a entidade; a supervisora do Centro de Turismo e Hospitalidade, Alessandra Maria de Freitas Ramos, além do diretor de Qualificação da Secretaria Municipal do Trabalho, Emprego e Desenvolvimento, Fábio Castro, representando a secretária municipal, Ananda da Silva Carvalho.

O Projeto

Desde 2009, o Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas desenvolve o Projeto Reeducar, em parceria direta com a Defensoria Pública do Estado, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e demais entidades da sociedade civil organizada, que têm como proposta o desenvolvimento de ações de responsabilidade social, fora do ambiente carcerário, para promover apoio sociopsicopedagógico a pessoas beneficiadas com a liberdade provisória , sob o foco dos princípios constitucionais da Presunção de Inocência e o da Dignidade da Pessoa Humana. O Projeto atua no aconselhamento, palestras, cursos profissionalizantes, atividades formais ou informais, programas assistenciais governamentais e das práticas do empreendedorismo, com intuito também de amenizar o problema da superpopulação dos presídios.