Manaus, 26/04/2024

Cultura e Entretenimento

Rapper Jander Manauara lança DVD neste sábado destacando sustentabilidade coletiva e protagonismo amazônico

Fotos: Marcio James, Waldemir Nascimento e Chamel Flores.
Fotos: Marcio James, Waldemir Nascimento e Chamel Flores.
15/05/2021 08h30

O novo trabalho do  cantor, rapper e ativista Jander Manauara, que será lançado no próximo sábado (15), às 15h, é um exemplo de que a sustentabilidade é construída por muitas mãos, mas se torna possível se cada um fizer a sua parte.

Em canções que unem a preservação dos rios da Amazônia e o cotidiano amazonense, o artista lançará, de forma online, em seu canal do youtube, o DVD  ‘Do Rip Rap ao Flutuante’. O projeto mostra a história de Manaus através das águas (igarapés, rios e rip-raps) que refletem os sonhos e a resistência da população.

Falar de sustentabilidade e de  protagonismo amazonense faz parte da trajetória do ativista e cantor, que já possui mais de 20 anos dedicados à cena do hip-hop local. Foi por meio da poesia e da arte que ele reuniu toda essa diversidade cultural e ainda convidou especialistas, e artistas de peso para levantarem essa bandeira, como a cantora Márcia Novo e o graffiteiro Denis L.D.O, entre outros.

Após três álbuns gravados, este é o primeiro DVD lançado por Jander, que apresenta a experiência como um processo de aprendizado e inspiração.

“Quando coloquei o título “Do rip rap ao Flutuante” no meio do processo, nas escolhas das músicas, vi que não eram sobre o espaço físico, mas sim das falas das pessoas, de suas percepções com cada local que cada manauara atravessa no seu dia a dia. A poesia fala sobre esses desdobramentos corriqueiros urbanos e amazônicos ao mesmo tempo”, explicou Jander.

O clipe foi gravado mês passado, na sede do Programa de Restauração Ecológica e Urbanização Sustentável da Amazônia (Reusa), localizado no bairro Redenção, que tem apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e beneficia um coletivo de aproximadamente 30 mulheres com geração de renda, por meio de artesanato e reciclagem.

As peças utilizadas no figurino de Jander foram confeccionadas pelo coletivo, mostrando que o rap também é sustentável. “O rap tem muito essa pegada de ostentação. Mas a mensagem que eu queria transmitir é que hoje, ostentar é ser sustentável. E ter essa dinâmica com a sustentabilidade foi fundamental. Eu quis trabalhar esse lado de reutilização, com material pet. A gente utilizou algumas luminárias, um cocar feito de peça de ventilador, canudinhos, CDs, bastante material reciclável”, comentou Jander.

Coletivo

O projeto “Do Rip Rap ao Flutuante” tem ainda uma extensa ficha técnica que une artistas plásticos, designers, beatmakers e a dupla musical base DJ Japão e João Paulo, na percussão. Também se destacam as participações de Gui Cordel, Abner Viana, Denis L.D.O, Marcos Cileno, Xamã da Flauta e Guilherme Bonates, resultando no que Jander classifica como “pororoca de linguagens”. Para a gravação do DVD, o artista também teve o apoio de alguns parceiros, como Manart Galeria, Fronteira Imaginária e Bosque da Ciência.

A cantora e compositora Marcia Novo, uma das figuras mais ativas quando o assunto é arte, música e desenvolvimento sustentável participou da gravação do DVD e destacou o projeto como uma reflexão fundamental para criar novas discussões sobre o tema.

“Quando o Jander me contou sobre o projeto, achei o máximo, porque essa é a nossa realidade, esse é o futuro da nossa nação. A sociedade no quesito coletividade e sustentabilidade ainda está engatinhando. O mundo inteiro já despertou para isso, mas o Brasil ainda está muito atrasado nisso, principalmente nós, que somos da Amazônia. Deveríamos ser um exemplo. É uma temática que precisa ser muito trabalhada para poder influenciar pessoas para o bem”, disse.

De modo geral, trabalhos como o lançamento do DVD do rapper Jander Manauara ajudam a desenvolver uma consciência coletiva e, assim, fazer a diferença entre a multidão. Nesse quesito, a arte entra como peça fundamental.

Segundo a professora de artes, artista plástica e arteterapeuta, Eliana Chaves, que também é uma das protagonistas do novo trabalho de Jander, esse é o tipo de atividade que ajuda a propor alternativas mais sustentáveis no desenvolvimento social.

“Cada vez mais a gente vai divulgando o uso correto de resíduos e diminuindo a quantidade de resíduos descartados incorretamente, principalmente nas comunidades mais carentes. A mensagem que fica é que um sonho quando a gente sonha sozinho, é apenas um sonho, mas quando a gente sonha junto, ele se torna realidade. Muitas pessoas têm o mesmo sonho que eu, de ver a nossa cidade mais limpa e socialmente justa, isso passa pela questão dos resíduos, e a arte entra como intermediadora desse processo”, destacou.

Outro destaque do DVD é o artista Fabiano Barros que realizou intervenções artísticas com o personagem ‘Recicla-Tempo’ durante a execução das músicas. Já a produção recebeu coordenação da produtora Giuliana Fletcher, por meio da “Pela Beira Produções”, e apoio do “Orígenas Coletivo”.

’Do Rip Rap ao Flutuante’

Ao todo, o DVD “Do Rip Rap ao Flutuante” reunirá oito faixas, metade delas inéditas, que demonstram a facilidade do rapper em contextualizar o cotidiano urbano com a vivência amazônica. São elas: Flutuante, A Ponte, Amor de Robô, Mar Salgado, Pagar de Doido, Envenena a Flecha, Cheiro Bom e Indígenas de Amores. Além da música, o projeto terá fragmentos documentais, trazendo o depoimento de quem hoje encabeça a luta para realizar o sonho de recuperar os igarapés da capital.

Os depoimentos serão intercalados com imagens captadas em locais como a Orla do Amarelinho e Feira da Panair, no bairro Educandos, a Feira da Manaus Moderna, e “braços” de igarapés nos bairros Novo Aleixo, São José, Comunidade da Sharp, entre outros.

Jander Manauara

Legítimo representante do Hip-Hop amazonense, RAPPER, atuante no circuito independente desde 1999 e em 2001 com o grupo MENSAGEM POSITIVA foi eleito MC revelação pelo MHM (Movimento Hip Hop Manaus), e no período de 2000-2002 formou a banda ABDZ, mas sem registro posterior; Chegando a atuar como Dj do grupo CONSCIENCIA PROFÉTICA entre os anos de 2003 a 2005 e fez seu primeiro registro solo como RAPPER com a EP de 2003, intitulada QUASE NADA.

O regionalismo em forma de poesia soma-se ao ritmo (RAP-Ritmo e poesia) com sincronismo da dupla DJ Carapanã e Jander Manauara registrada no primeiro disco no ano de 2008 com o título de “Num vale 1 real!”. Chegando ao ano de 2009 a participarem do festival ATÉ O TUCUPI promovido pelo Coletivo Difusão (AM) e o circuito Fora do Eixo de música (DF).

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