Manaus, 08/05/2024

Amazonas

Seminário Manejar apresenta soluções para incentivar produção sustentável na Amazônia 

Seminário Manejar apresenta soluções para incentivar produção sustentável na Amazônia 
20/09/2021 15h30

O Seminário de Produção Florestal Familiar e Comunitária do Amazonas (II Seminário Manejar), realizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia (Idesam), na semana passada, gerou mais de mil visualizações em seis painéis, transmitidos pelo YouTube, com a participação de 17 especialistas sobre o assunto.

O evento apresentou resultados, dificuldades e soluções do Projeto Cidades Florestais, realizado pelo Idesam com apoio do Fundo Amazônia/BNDES, além de iniciativas voltadas para o desenvolvimento sustentável, produção florestal comunitária e valorização dos produtos amazônicos.

O Seminário Manejar teve início com a participação do Diretor Técnico do Idesam, Carlos Koury, e do Gerente do Programa de Manejo e Tecnologias Florestais do Idesam, André Vianna, que apresentaram um panorama geral do Projeto Cidades Florestais. Carlos Koury falou sobre a motivação inicial do projeto, que atua há três anos no interior do Amazonas.

“A base de produção que esperamos de uma Amazônia inclusiva e sustentável é a que permita que as comunidades tradicionais sejam líderes e protagonistas nesse processo, fazendo o uso sustentável dos produtos da floresta. Com o Cidades Florestais nosso desafio foi o de formar bases produtivas nas quais os comunitários sejam líderes, definindo as necessidades e os tipos de suporte e, assim, poder aumentar a produção, gerar valor e conhecimento”, explica.

Ainda no primeiro dia do evento, aconteceu o painel “Madeira manejada: resultados e soluções”, quando o Governo do Estado do Amazonas, por meio do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), apresentou o panorama atual do manejo da madeira, a participação do governo no apoio à produção sustentável, potencial de áreas para o manejo do material de forma comunitária e as dificuldades para o crescimento do manejo florestal. Entre os destaques, vale ressaltar a redução no número de Planos de Manejo de Pequena Escala licenciados em função de mudanças de documento fundiário elegíveis. Também foi ressaltado o potencial das Unidades de Conservação UCs) de Uso Sustentável Estadual para a promoção do manejo florestal comunitário.

No mesmo painel foram apresentados os resultados obtidos durante o Projeto Cidades Florestais com o manejo florestal comunitário: licenciamento de 11 mil ha de manejo florestal comunitário e apoio a comercialização de R$ 215 mil reais em madeira serrada. Também foi destacada a necessidade de incentivos à produção, acesso aos maquinários adequados à realidade da produção comunitária e o potencial do programa do Governo Estadual +Manejo Florestal em subsidiar e dar competitividade aos planos de manejo comunitários do Amazonas.

O Projeto Cidades Florestais atua com manejo madeireiro e não-madeireiro e no segundo painel foi apresentado outro produto do projeto: os óleos vegetais. Durante a conversa os painelistas ressaltaram a importância da cadeia de óleos vegetais para as comunidades tradicionais, que gerou R$ 2 milhões em vendas para seis organizações sociais em dois anos, por meio da venda de 50 toneladas de óleos vegetais, essenciais e manteigas.

“Trazer mais mercado para os produtos da floresta garante empoderamento para as comunidades. Quando você leva tecnologia, conhecimento e capacitação, você confere qualidade de vida e, automaticamente, empoderar essas comunidades. Esse é um fator fundamental quando pensamos em desenvolvimento humano na Amazônia”, analisa o Chefe do Departamento de Ações Estratégicas e Bioeconomia da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Amazonas (Sedecti-AM), João Paulo Rufino.

O painel também abordou a necessidade de fortalecer o ecossistema de produção de óleos no estado por meio da atração de empresas que consumam óleos vegetais e produzam produtos com maior valor agregado. Ainda apontou-se a necessidade de incentivo a criação de laboratórios que possam prestar serviços de análises químicas e envases, além da interiorização destes.

O último painel da terça-feira destacou a marca coletiva criada pelo Cidades Florestais, a Inatú Amazônia, que comercializa óleos vegetais e produtos madeireiros produzidos a partir do manejo florestal comunitário. A marca, que nasceu da necessidade de melhor conectar as comunidades ao mercado e integrar a produção de diferentes organizações, vem gerando bons resultados como a comercialização de produtos, alavancando o processo de produção, gerando renda para as comunidades e grandes perspectivas para o futuro.

O painel também trouxe uma discussão sobre a importância de uma boa estruturação e gestão em torno de marcas comunitárias, a necessidade de apoio de políticas públicas e o potencial existente na Amazônia para o surgimento de novas marcas e produtos que utilizam os insumos da floresta, mas sempre prezando por sua conservação.

Segundo dia

O segundo dia do Seminário Manejar começou com o painel sobre “Sistema de Rastreabilidade nas Cadeias Produtivas Florestais”. Foram abordados os conceitos e importância da rastreabilidade nas cadeias produtivas florestais, que gera transparência dos processos e agrega valor ao produto.

Como resultado prático, no painel foi apresentado a experiência do uso do Aplicativo Cidades Florestais. O aplicativo foi desenvolvido pelo projeto e consiste em uma ferramenta que permite a gestão de custos da produção e, ao mesmo tempo, retorna rastreabilidade aos clientes dos produtos.

 O segundo painel deste dia trouxe como tema as “Oportunidades dos Serviços Ambientais para as Cadeias Produtivas Florestais do Amazonas”, com os convidados debatendo sobre como os Serviços Ambientais podem apoiar a estruturação de cadeias produtivas florestais. Foi apresentado o estudo “Oportunidades do Serviços Ambientais  para as Cadeias Produtivas Florestais do Amazoans”.

Como resultado, demonstrou-se que o Cidades Florestais contribuiu com a redução de emissões, por meio de um modelo integrado de alocação de REDD+, de 900 mil tCO2 em 2018 e 2019, o que poderá gerar investimentos adicionais para as cadeias florestais fomentadas pelo projeto, com base nos serviços ambientais de aproximadamente R$ 18 milhões.

Para o último painel do Seminário Manejar, foi reservado o tema “Ferramentas de avaliação do projeto – MVS e desmatamento nos territórios”, que apresentou a metodologia “Meios de Vidas Sustentáveis” e a quantificação de desmatamento no território do projeto como as ferramentas de avaliação do Cidades Florestais.

Questionários de acordo com a metodologia MVS foram  aplicados antes e no fim do projeto às pessoas que participaram do Cidades Florestais. Como importante conquista, os resultados apontaram melhorias principalmente na renda e estrutura de produção das comunidades. A metodologia ainda permite o planejamento de ações para os temas que precisam de melhorias, apontando, portanto, caminhos para a continuidade do projeto.

O resultado para a avaliação de desmatamento no território do projeto pode ser observado na publicação “Dinâmica do Desmatamento e Resultados do Projeto Cidades Florestais“, disponível na biblioteca de publicações do Idesam. Entre os resultados da publicação, demonstra-se a importância das Unidades de Conservação para a conservação florestal e contenção do desmatamento no Amazonas.

Também apontam que iniciativas como o Cidades Florestais podem mudar realidades em questões ambientais, como diminuição do desmatamento e o modo de vida dos comunitários beneficiados. Além disso, demonstra a necessidade de políticas públicas e investimentos na bioeconomia regional para promover a geração de renda nas comunidades.

No encerramento do evento, Carlos Koury, André Vianna e o representante da Secretaria de Estado da Produção Rural (SEPROR), Eduardo Rizzo, realizaram avaliações sobre os assuntos abordados durante o evento, identificando desafios e soluções para ações futuras. “Verificamos como o projeto realizou mudanças positivas na comunidade. Estamos apresentando esses dados também aos moradores, mas em um âmbito geral podemos citar a melhoria da qualidade de vida dos comunitários e retorno maior de geração de renda”, afirma. Vianna.

Ele também defende a execução de medidas complementares além dos projetos, como melhoria de gestão de territórios e ações de comando e controle. “Quando falamos de conservação da floresta ainda precisamos de um conjunto maior de medidas para termos resultados expressivos. Não é apenas uma iniciativa, mas sim uma união que trará esses resultados”, afirma.

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