Manaus, 11/05/2024

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CONSULTOR DIGITAL PREVÊ FRACASSO DA PLATAFORMA GLOBOPLAY

CONSULTOR DIGITAL PREVÊ FRACASSO DA PLATAFORMA GLOBOPLAY
13/11/2020 11h30

Apesar da plataforma digital de conteúdo audiovisual da Globo, o Globoplay, parecer estar em um momento de “bons ventos”, com aumento na base de assinantes e uma parceria anunciada com o serviço de streaming Disney+, o futuro não parece reservar o mesmo sucesso para o serviço virtual do grupo de comunicação carioca. É isso que alerta uma coluna publicada pelo consultor digital Guilherme Ravache, no site Notícias da TV.

Segundo Ravache, quatro fatores seriam determinantes para o fim do Globoplay em longo prazo: o chamado “Custo Brasil” (como são chamadas desvantagens fiscais contra outros países), a limitação geográfica, o determinismo cultural e o unbundling do streaming (como é chamada a venda de serviços fora de um pacote).

Quanto ao Custo Brasil, Guilherme ressalta que “produzir conteúdo audiovisual de qualidade custa caro”, mas que as empresas norte-americanas “são empresas de crescimento” ao destacar que elas seguem a lógica de que “mesmo se elas tiverem prejuízo, mas estiverem crescendo, estão indo bem”, com isso, segundo o consultor, o custo de capital seria barato.

As empresas brasileiras, por outro lado, sofrem com custos relacionados à alta do dólar, por exemplo, que poderiam fazer com que empréstimos feitos por empresas brasileiras, como a Globo, no exterior, saltassem mais de 40% em um ano sem que elas fizessem “nada”.

Já o segundo quesito citado pelo consultor, a limitação geográfica, trata da entrada acanhada de players brasileiros, como o Globoplay, no exterior, ao contrário dos norte-americanos que se espalham pelo mundo em uma velocidade vertiginosa. De acordo com o especialista, a falta de um reconhecimento internacional torna difícil uma competição contra grandes concorrentes globais.

No ponto determinismo cultural, Ravache destaca que a Globo tem uma “cultura” nacional, o que pode ser interpretado como o fato de que o conteúdo produzido pelo grupo de comunicação seja algo mais “identificável” com o brasileiro do que com outros públicos.

Como exemplo, o consultor cita o processo de internacionalização feito pela Globo entre os anos de 1981 e 1993, quando a emissora comprou a TV Montecarlo (Itália/Mônaco) e a SIC (Portugal). Em 1994, diante dos resultados ruins, e melhores perspectivas no Brasil, a emissora carioca vendeu os negócios no exterior e focou na exportação de conteúdo.

Por fim, Ravache cita o chamado o unbundling, ou “desempacotamento” de conteúdos, que significa vender separados produtos que antes eram vendidos juntos. O lançamento dos sites de notícia na internet, por exemplo, promoveu o unbundling do jornal tradicional, com as notícias podendo ser consumidas separadamente online. O iTunes permitiu o unbundling dos CDs.

No caso do Globoplay, segundo Guilherme, o que a Globo faz com a plataforma é pegar o “pacote de cabo”, que vinha em uma assinatura mensal, e transformar em diversos canais de streaming. Ou seja, o streaming está “unbundling” a TV a cabo.

Entretanto, de acordo com o especialista, “historicamente está comprovado que esse movimento reduz a margem do produto. Jornais impressos passaram a ganhar menos dinheiro com notícias, e o mesmo se passou pela indústria musical. Agora, é a vez da TV”.

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