Manaus, 12/05/2024

Brasil

Família perde contato com brasileira que tenta ser a primeira mulher negra a visitar todos os países do mundo

Nataly Castro — Foto: Reprodução/Instagram
Nataly Castro — Foto: Reprodução/Instagram
30/10/2023 12h00

A família da paulistana Nataly Castro, de 27 anos e que decidiu se tornar a primeira mulher negra brasileira a conhecer todos os países do mundo, divulgou nas redes sociais que faz buscas pela jovem após perder contato dela no fim de semana enquanto seguia para Serra Leoa

Nataly Castro nasceu no bairro Carrão, na Zona Leste de São Paulo, e saiu em viagem no ano passado para visitar todos os países reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). São 200 países no roteiro.

“A Nataly teve contato com a família há 48 horas e o contato que a viu a última vez já tem 24 horas. A Nataly está viajando via terrestre para economizar. Ela estava em Guiné rumo a Serra Leoa e desde então não sabemos mais nada. Ela faria um tour e logo viajaria. Apesar dela não ter postado nada esses dias, ela sempre entra em contato com a nossa família”, publicou a família nas redes sociais da paulistana neste domingo (29).

Nesta segunda-feira (30), os parentes foram informados de que a jovem passou pela imigração em Guiné e foi colocada em uma perua.

“A última pessoa que havia visto ela informou que a Nataly não deu notícias por falta de internet. Estamos aguardando o contato dela. Fica aqui nosso agradecimento pelas preocupações e apoio. E assim que falarmos com ela, voltaremos aqui”.

Sonho

Nataly Castro teve de usar véu em países muçulmanos — Foto: Reprodução/Instagram
Nataly Castro teve de usar véu em países muçulmanos — Foto: Reprodução/Instagram

Em 2022, Nataly contou à TV Globo que estudou em escola pública quase a vida toda e, na faculdade, conseguiu uma bolsa para o curso de jornalismo. O que a motivou a sair do Brasil foi uma adolescência marcada pelo racismo.

“O que me motivou a buscar novas oportunidades e me jogar no mundo foram episódios de bullying, algumas situações que eu sofri na escola em que eu estudava, como chacotas, pessoas me ameaçavam de pegar na saída, pessoas me empurravam, cuspiam em mim, tentavam me empurrar da escada, entre outras situações bem difíceis, como apelidos, piadas. As pessoas não aceitavam eu ser uma aluna negra, fazendo a diferença na escola e sendo contada pelas professoras e diretores.”

Por causa dessas agressões, Nataly enfrentou problemas psicológicos, até que um dia encontrou um propósito.

“Uma das noites eu estava na casa da minha avó, e eu estava bem cabisbaixa, até que eu decidi ir na sacada e olhei para o céu e vi um avião. Nesse exato momento eu imaginei para onde aquele avião estaria indo? Para onde essas pessoas estão indo, como será que é lá em cima? Imagina só eu entrar em um avião desse e me jogar no mundo?”

Viajando pelo mundo, Nataly descobriu que o racismo não é sobre lugares, mas sobre pessoas. Na Polônia, por exemplo, ela sofreu agressões no meio da rua.

“Eu fui andando e percebi que as pessoas atravessavam a rua para não ficar na mesma calçada que eu. As pessoas apontavam, me chamavam de black me chamavam de monkey, que é macaco, eu fui me sentindo muito desconfortável ao ponto de chorar, começar a chorar no meio da rua porque eu não estava acreditando naquela situação que eu estava vivendo”, relembra.

“Ser mulher viajante solo já é um desafio, porque a gente vai para lugares onde é a questão de segurança, assédio… E ser mulher viajante negra é um outro desafio também porque em muitos lugares as pessoas não estão acostumadas a ver uma pessoa negra frequentando um aeroporto, uma sala vip, restaurante ou ficando hospedada em um resort no hotel. O que acontece é que muito dos lugares que eu frequento eu vejo alguns olhares de curiosidade e outros olhares de racismo.”

Nataly Castro na Grécia — Foto: Reprodução/Instagram
Nataly Castro na Grécia — Foto: Reprodução/Instagram

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